“O Furacão Venâncio Mondlane 7.0”

Depois da morte de Afonso Dhlakama, a 3 de maio de 2018, em Gorongosa, na província de Sofala e de Daviz Simango, a 22 de fevereiro de 2021, os moçambicanos que “amam o País” ficaram órfãos de uma voz política que abanasse a Frelimo que desde o Acordo de Lusaca, 7 de setembro de 1974 vem dirigindo o País drasticamente, com decisões errantes que diariamente frustram mais este povo lutador e desprotegido.

A luta travada pelo Movimento de Libertação de Moçambique tinha tudo para ser gloriosa se os ditames apresentados por Eduardo Mondlane, na sua magna obra “Lutar por Moçambique” fossem exactamente implementados, principalmente na componente de abertura política do País para que o povo que diziam libertar tivesse a oportunidade de decidir quem os deveria governar, mas não o “desejo fanoniano” de usar o foto do branco e sentar na sua cadeira falou mais alto, levando-nos a decidir expulsar a “parte inocente do colonialismo num prazo de 24 horas e com 20 quilos apenas na mão, deixando para trás tudo que haviam construído e organizado.

A luta pela independência cultural, política, diplomática, social e territorial do povo moçambicano foi legítima e imperativa, mas as decisões que se tomaram depois dela foram drásticas e caóticas, uma vez que todas as decisões estruturantes sobre Moçambique foram entregues à um círculo fechado de 10 mulatos que como resultado foi a selvajaria governativa que se assistiu com fuzilamentos em massa de figuras incômodas ao novo paradigma imposto, não foi em vão que André Matsangaíssa, Afonso Dhlakama e os demais decidiram entrar na mata, mesmo que a acção tenha sido financiada pela famosa “mão externa”, a verdade é que ninguém luta por uma causa sem apoio de quem tem condições.

Os “verdadeiros historiadores de Moçambique” dizem que a RENAMO não tomou Maputo, a capital como “zona libertada” porque haviam aprendido bastante do “erro estruturante” cometido pela FRELIMO em Lusaca, capital da Zâmbia, mas também porque a África do Sul do Apartheid, tido como o maior financiador da Perdiz não permitiu. Mas, deixemos o passado e voltemos ao contexto actual, em que Moçambique depois de registar progressos governativos assinaláveis entre 2004 – 2009, acabou entrando para uma fase complicada de erosão política, social, económica, cultural e religiosa, isto é, de 2010 a 2024, com escândalos (financeiros, eleitorais, etc.), julgamentos bicudos, assassinatos, raptos, terrorismo e outros problemas complexos que actualmente definem o status quo do País.

De 2010 a 2024, Moçambique perdeu importantes cérebros e nacionalistas de gema e equilibrados. Filhos verdadeiros do País. A morte de Afonso Dhlakama alterou toda dinâmica política do País, infelizmente só depois da sua morte é que vários moçambicanos começaram a perceber a verdadeira mensagem de Macacho, um homem que morreu “pobre e desgraçado” como disse há dias um dos seus filhos Billal Sulay, em entrevista concedida à DW África. Em contrapartida, deixou um legado político enorme que bem usado ajudaria extremamente este País desgovernado.

Se Dhlakama era um furacão político da categoria 5.0 até aqui já registado em Moçambique, o que a Frelimo, a própria RENAMO, o MDM e outras formações políticas não estavam preparadas era o surgimento de um furacão político da categoria 7.0 chamado Venâncio António Bila Mondlane, nascido a 17 de janeiro de 1974, na cidade de Lichinga, na província do Niassa, região norte de Moçambique, pois embora tenha crescido em Maputo.

Venâncio Mondlane é um político que cresceu aos olhos de todos. Denunciando grandes casos como as apadrinhadas “dívidas ocultas” e a próxima “dívida odiosa (Projecto SUSTENTA)”. Mondlane é um político “fora da caixa” que através da sua postura na Assembleia da República (AR) deslindou e colocou governantes mafiosos em saias justas. Liderou a maior vaia política que um Presidente da República já vivenciou na história deste pálido sistema votocrático. Venâncio Mondlane “venceu às eleições autárquicas de 11 de outubro de 2023” na Cidade de Maputo, infelizmente desvirtuadas pela “gang da CNE, STAE, PRM, PGR, Frelimo e pelo Conselho Constitucional, liderado pela senhora Lúcia da Luz Ribeiro, uma camarada devota vestida da elegante batina judicial”.

Venâncio Mondlane é o único político moçambicano actual que tão cedo percebeu que através dos órgãos de comunicação sociais convencionais a sua mensagem não chegaria aos verdadeiros eleitorais actuais: a juventude! Optou pela comunicação alternativa. As plataformas digitais de multimédia. Por várias vezes as páginas foram hackeadas e tiradas de circulação, mas mesmo assim não desistiu. Uma comunicação sua na página do Facebook tem mais audiência que as ditas televisões mais fortes de Moçambique – o Homem venceu a primeira guerra: ser ouvido.

Hoje, não há nenhum órgão de comunicação social moçambicano e acreditamos que ficam dois ou cinco dias sem falar de Venâncio Mondlane.  Os jornalistas e agentes da secreta moçambicana ficam horas e horas à espera das suas intervenções sempre que convoca uma conferência de imprensa. E actualmente, inaugurou uma nova forma de fazer política, entregar tudo aquilo que é crime e injustiça aos órgãos de justiça, e é, onde a Frelimo e a RENAMO passaram a preocupar-se, cogitando como ele será caso seja eleito presidente da República, ou líder da oposição? Talvez os que gamaram as indemnizações dos ex-funcionários da CFM, da mola dos Madgermanes, que faliram as grandes empresas, que participaram na sabotagem do avião que levava Samora Machel, que destruíram as grandes fábricas nacionais, que não pagam impostos há décadas, os que montaram a chacina em Cabo Delgado e os que falsificam dados estatísticos na agricultura, nas eleições, na economia, no sistema bancário e tantos outros problemas esquecidos e escondidos sejam expostos e responsabilizados pelos seus crimes.

A Frelimo e a actual RENAMO não estão preparadas para um político convicto e abnegado como VM 7.0. não estão preparados para a próxima geração da sociedade moçambicana. A sociedade medo e crítica à toda mediocridade política e económica como está implementada pelo Rogério Zandamela com o novo sistema de pagamentos bancários. Como a enfadonha política salarial de Filipe Nyusi, denominada Tabela Salarial Única (TSU).  A Frelimo e a RENAMO actual de Ossufo Momade não estão preparadas para as exigências da juventude. Não estão preparadas para discutir o País real, razão pela qual farão de tudo para que o Furacão 7.0, Venâncio Mondlane não avance politicamente, mas felizmente, não irão alcançar este objectivo, porque já é tarde!

A Frelimo e a actual RENAMO, falharam ao não deixarem Venâncio Mondlane governar a Cidade de Maputo, porque a esta altura já estariam a vender as suas ideias utópicas para o sofrido povo, sem terem que andar a adiar a decisão de escolha dos seus candidatos a candidato para Presidência da República.

Muitos moçambicanos não sabem a razão de toda está confusão política em Moçambique. O problema central, resulta de um estudo que a Frelimo encomendou e que concluiu que até os meses de agosto e setembro do presente ano, mais de três milhões de moçambicanos passarão a idade eleitoral e grande parte destes nas grandes cidades, onde nas eleições autárquicas demonstraram a sua opção eleitoral, ou seja, uma qualidade de eleitor que não se identifica que as ladainhas libertárias e da velha canção regionalista ou belicista que infelizmente a Frelimo e a actual RENAMO insiste em vender-nos.

Estes mais de três milhões de novos eleitores ameaçam os famosos mais de quatro milhões de membros da Frelimo que tanto são cantados pelos seus quadros, porque num contexto de vulnerabilidade da segurança pública em caso de eleições gerais e com jovens na casa dos 18 – 25 anos, sedentos de mudança e com um roubo olímpico como aquele que se assistiu nas eleições passadas, teremos um País com as ruas assaltadas e os políticos a fugirem de pijama e tangas nas mãos como se assistiu em Sri Lanka recentemente.

A tocha da mudança já foi acedida e a Frelimo não está preparada para transformar mais um “Mondlane em mártir de uma causa justa”, um Mondlane que novamente ressurge para “Lutar por Moçambique”. Em ano eleitoral, a Frelimo não está disposta a ver seu “Grande Plano Parlamentar” de reduzir a bancada da RENAMO actual na AR e permitir a “ascensão de um novo partido no parlamento para calar a comunidade internacional”, frustrado. É desta forma que tudo irão fazer para que Mondlane não avance, mas debalde, porque mesmo dentro da própria Perdiz existem aqueles que lutarão até ao fim para que este salve à causa!

Com Ossufo Momade, na oposição, Lutero Simango, na bancada e a Frelimo no poder, Moçambique continuará moribundo e entregue a podridão económica e política. A criminalidade continuará a aumentar e a gestão bicéfala da coisa pública a fazer sentir-se em tudo e em todos. Moçambique já não é um espaço para a política de armas na mão e punhos cerrados. Talvez até seja o momento para que a condição para ser parlamentar ou líder político, passe por ter um nível mínimo de mestrado e uma prova pública de avaliação de capacidades intelectuais, precisamos de ser bem representados. Precisamos acabar hosanas na dita Casa do Povo. Precisamos de políticos que estudam os factos antes de abrirem à boca.

Já chega de ser representado por políticos que nem o seu próprio nome não sabem escrever e nem pronunciar. Precisamos de ter políticos da categoria 7.0 em Moçambique, já chega de políticos da categoria 1.0 que só nos fintam e não marcam golos. É imperioso produzirmos autênticos Cristianos Ronaldo da política que fazem as coisas com foco e determinação.

O ano de 2025, Moçambique completará 50 anos de independência e de governação da Frelimo, talvez seja a hora de repensarmos que tipo de políticos precisamos e devemos ser nas próximas décadas, o que a juventude actual e de amanhã gostaria de ver feito para que não tenhamos um País retalhado conforme disse o Presidente Filipe Nyusi há dias durante a cerimónia de graduação dos novos oficiais da ACIPOL.

É importante pensar Moçambique sem rótulo. É importante pensar Moçambique hoje e agora, porque um bom governo só trabalha e mantém esse estatuto quando tem uma boa oposição, e é isto que está a acontecer em Moçambique. Temos políticos na liderança dos partidos e do País sem uma capacidade de abstração necessária para os desafios actuais e do amanhã. É hora de mudar! [I] (Omardine Omar)

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