“Jovens comerciantes de peixe em Macomia” denunciam detenções ilegais e extorsões

É uma situação que a deixar a população do Posto administrativo de Mucojo e da vila-sede do distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado agastada, tudo porque nos últimos dias voltaram a reviver um velho problema. Deter para extorquir. O acto segundo apurou à “Integrity” é protagonizado por certos elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas posicionadas naquela região.

De acordo com as fontes, os comerciantes de peixe, na sua maioria jovens que procuram reerguer-se das cinzas do terrorismo, são interpelados quando compram o pescado em Mucojo e decidem partir para a Vila-Sede de Macomia, onde são exigidos valores que partem de 20 mil meticais em diante para que possam circular, e caso não tenha és levado para o quartel/Posição militar até que seus parentes juntem os valores monetários, paguem e só assim é que são soltos.

Entretanto, o distrito de Macomia é tido nos últimos tempos como à “Catedral ou Santuário dos terroristas”, concretamente no Posto Administrativo de Mucojo, onde em fevereiro do presente ano houve uma cruel situação que culminou com a morte de valiosos militares que se encontravam na linha de combate, no entanto, dados colhidos pela “Integrity” indicam que no dia da incursão terrorista, parte do contingente militar destacado para aquela posição, zarpou do local deixando para trás seus companheiros de trincheira que barbaramente viriam a ser assassinados.

O grupo que dias depois emergiu nas suas zonas de origem está a ser tratado internamente como “traidores da pátria”, uma vez que segundo fontes militares superiores, independentemente das circunstâncias, um militar nunca deve abandonar a missão, uma vez que “a missão é defender a pátria”. Aliás, há dias o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, contou recentemente durante uma cerimónia fúnebre realizada em Pemba, sobre em que circunstâncias o Comandante Distrital de Quissanga e os seus companheiros foram assassinados. Segundo Rafael, os mesmos morreram a lutar até ao último minuto da vida, uma vez que estavam cercados, mas não recuaram.

De acordo com documentos militares consultados pela “Integrity”, as Forças Armadas têm fundamentalmente as seguintes missões: “Defender os interesses vitais do País contra todas as formas de ameaça ou agressão; Garantir a integridade do território nacional, a soberania, a liberdade dos cidadãos e a segurança dos meios de desenvolvimento da Nação; Assegurar o funcionamento normal das instituições em todas as circunstâncias e face a quaisquer ameaças directas ou indirectas; Participar na protecção dos organismos, instituições ou meios civis, determinantes para a manutenção da vida das populações, bem como tomar medidas de prevenção e de socorro que se requeiram, em determinadas circunstâncias, por decisão da autoridade competente; Participar em acções tendentes à manutenção de paz e ao respeito do direito internacional; Contribuir para a defesa e segurança da região e do continente, apoiando as acções de prevenção e de resolução de conflitos; e Assegurar a defesa do território nacional face a todo o tipo de ameaça, incluindo o terrorismo.”  

No entanto, caso o militar faça o inverso das determinações acima citadas, o mesmo é considerado traidor. Outrossim, dados colhidos junto do grupo visado pela nossa reportagem que segundo seus porta-vozes ultrapassam 100 militares, a razão principal do abandono da posição foi devido à suspeitas de traição, uma vez que, conforme nos explicaram quando os terroristas começaram a penetrar na posição, chamavam pelos nomes de alguns elementos da companhia, o que deixou parte do grupo preocupado.

Contudo, as lideranças das FDS têm entendimento diferente da situação, uma vez que cabia a estes defender a pátria a todo custo, e uma vez que aconteceu o contrário a decisão agora está na mesa das lideranças: Manter e punir internamente os homens ou responsabilizar e expulsá-los. Eis o dilema actual! (INTEGRITY)

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