O processo negocial entre o governo e a Renamo pode estar longe de conhecer o seu desfecho. O facto é que em Abril a Perdiz, o principal partido de oposição moçambicana anunciou através do seu Presidente Ossufo Momade a entrega à Presidência da República de uma lista mista de 10 oficiais que ocuparão cargos de comando e chefia na Polícia da República de Moçambique (PRM).
A lista ora entregue decorre do cumprimento dos compromissos assumidos entre esta formação política e o governo moçambicano no memorando de entendimento assinado entre Ossufo Momade (enquanto presidente interino) e o Presidente da República, Filipe Nyusi, em Agosto de 2018
Volvidos cerca de um mês, neste sábado o Presidente da República Filipe Nyusi anunciou a recepção da lista, mas a mesma não respeita alguns critérios previamente acordados, “recebemos a lista dos elementos da Renamo que devem ser incorporados nas fileiras da PRM como núcleo inicial. Nós o governo não temos a moral suficiente para incluir os homens já na reserva e outros na reforma ou desmobilizados em detrimento daqueles que ainda se encontram nas fileiras da Renamo, aqueles pelo qual o diálogo com o falecido Afonso Dlhakama visava abranger. Os que fazem parte da lista já estiveram nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), uns passaram a reserva com subsídios de integração atribuídos e auferem salários ou pensões como outros seus colegas que são da proveniência do governo. Integrar essa lista significava por exemplo, integrar o tenente-general Mateus Ngonhama, o major general Hermínio Morais, significava por exemplo aqui na corporação policial integrar o inspetor geral Pascoal Ronda ou inspetor geral Miguel Santos. Vamos dar oportunidade outros jovens ou outros cidadãos para dar a sua contribuição para a defesa de Moçambique”.
O chefe de Estado diz que o executivo que dirige continua comprometido com o processo de paz efectiva e lança alguns recados, “mais uma vez apelamos para que quem não participa do diálogo deve abster se do comentário que não é do seu domínio para não confundir os moçambicanos incluindo os guerrilheiros da Renamo que aguardam com esperança, expectativa o desfecho do processo de desarmamento, desmobilização e a sua reintegração na sociedade”. Acrescentou Filipe Nyusi
O memorando de entendimento é sobre questões militares e visa pôr fim ao conflito político-militar, em tréguas desde 2017 declaradas pelo já falecido Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
O acordo prevê o reenquadramento dos oficiais generais da Renamo nos cargos de comando e chefia nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), PRM, nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) e nas instituições de ensino adstritas às Forças de Defesa e Segurança (FDS).
No âmbito da implementação deste memorando, 14 oficiais generais da Renamo já estão integrados nos cargos de comando de chefia das FADM.
O País