Num país com milhões de habitantes as vagas não chegam para todos e quem usar cábulas pode ser acusado de crime e ter de cumprir pena de prisão. Se em muitos países os exames são a porta de entrada de muitos estudantes na universidade, na China é o “Gaokao” que garante esse acesso.
A informação é avançada pela imprensa chinesa: cabular no “Gaokao” passou a ser crime e pode ser punido com uma pena de até sete anos de prisão. Esta medida está inserida numa campanha de combate a esquemas fraudulentos.
Mas o que leva os alunos a sentirem a tentação de usarem cábulas? A resposta está nos números. O governo chinês calcula que estejam inscritos no exame deste ano perto de dez milhões de estudantes, mas apenas 3,25 milhões vão conseguir ingressar no ensino superior. E deste número, só alguns milhares vão conseguir entrar nas melhores universidades do país, aquelas que garantem melhores probabilidades de um bom futuro profissional.
De acordo com fontes do ministério da Educação chinês, nas últimas semanas foram detidos cerca de 170 suspeitos e apreendido material com informação sobre o exame que tinha sido comercializada online.
De acordo com os relatos de 84 casos ouvidos em tribunal, entre 2012 e 2015, os principais meios usados para cabular são relógios, auscultadores, t-shirts com receptores e equipamento de espionagem, escreve o Jornal de Notícias. Outro meio muito usado é a contratação de substitutos que se fazem passar pelo candidato.
No entanto, este é um tema de relevo para os chineses uma vez que as desigualdades regionais nas vagas de acesso à universidade são um ponto de discórdia.
Há relatos de protestos nos meios de comunicação locais. Um dos casos aconteceu no mês passado, em Jiangsu, na costa leste do país, onde os pais bloquearam o acesso à sede do governo depois de o ministério da Educação ter reduzido o número de vagas ao ensino superior naquela província.
“Para muitos estudantes e pais, sobretudo os oriundos de famílias desfavorecidas, trata-se de uma oportunidade de subir na sociedade e obter um ‘status’ mais alto”, afirmou Xiong Bingqi, especialista em Educação, ao jornal Global Times.
Fonte: DN/LD