O Governador do Banco de Moçambique (BM) desmentiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) assegurando que o fortalecimento das Reservas Líquidas Internacionais (RIL), que tem um saldo de 3,2 biliões de dólares norte-americanos, não tem nenhuma relação com os não pagamento de alguns serviços da dívida moçambicana, como sugeriu o representante do FMI no nosso país. Rogério Zandamela declarou ainda que as dívidas ilegais da Proindicus, EMATUM e MAM vão “ser reestruturada de uma forma ou de outra”.
No início deste mês Ari Aisen alertou que embora o BM esteja a acumular significativas Reservas Internacionais Líquidas, que desde Dezembro passado cifram-se em aproximadamente 3 milhões de dólares norte-americanos, “devemos ter alguma cautela porque parte do aumento é fruto do não pagamento de alguns serviços da dívida moçambicana” declarou, em alusão aos calotes que o Governo de Filipe Nyusi está a dar aos credores da dívida comercial contraída violando a Constituição da República e leis orçamentais que também levaram a suspensão da cooperação com os Parceiros internacionais e impedem o país de aceder aos mercados financeiros do exterior.
“Ao não fazer certos pagamentos do serviço da Dívida Externa obviamente que isso aumenta as Reservas do banco central e na economia. O facto é que numa situação em que Moçambique esteja novamente inserido nos mercados internacionais de capitais, sem atrasar os problemas do endividamento externo aí vamos ter outra situação de Reservas que não temos agora. Difícil agora prever quando isso vai ser e quanto o serviço (da Dívida Externa) vai ser efectuado porque depende da resolução inclusive do Governo de Moçambique e os credores internacionais”, afirmou o representante do FMI no nosso país durante a apresentação das mais recentes perspectivas da instituição para a África Subsahariana.
Questionado sobre o assunto o Zandamela disse a jornalista nesta segunda-feira (18), em conferencia de imprensa na sequência de mais uma reunião do Comité de Política Monetária, que “não há relação” entre as RIL, que actualmente ascendem a 3,2 biliões de dólares norte-americanos, suficientes para cobrir 7 meses de importações sem incluir os megaprojectos, e o não pagamento desde o início de 2017 das amortizações e juros dos empréstimos ilegais das estatais Proindicus, EMATUM e MAM, que até Março passado ascendiam a 636 milhões de dólares atrasados.
Segundo o Governador do BM as Reservas Líquidas Internacionais teriam “um fortalecimento menor, mas praticamente reflectem o esforço que nós fizemos”.
Relativamente as dívidas comerciais contraídas com garantias do Estado que violaram a Constituição da República e leis orçamentais Rogério Zandamela deixou claro que: “Há uma coisa que está concordada: a dívida vai ser reestruturada de uma forma ou de outra. Ninguém sabe quanto é que se vai pagar, ou talvez não se vai pagar nada nos próximos cinco ou dez anos como parte desse acordo”.
“Há uma discussão em curso entre o Governo e os credores, quando se chegar a um acordo, que vai ser razoável, vamos pagar a dívida em função da nossa capacidade de pagar, ninguém vai cometer suicídio para pagar dívida, isso não existe em nenhuma parte”, concluiu o homem forte do banco central moçambicano.
Recorde-se que em Março passado o Executivo de Filipe Nyusi apresentou algumas propostas aos credores para a renegociação das dívidas ilegais no entanto até ao momento não houve nenhum acordo.
@Verdade