O Standard Bank é a favor da divulgação do relatório completo das dívidas ocultas da Ematum, MAM e Proindicus, realizado pela consultora Kroll. O economista-chefe do banco considera que, para o bem da transparência e da recuperação da confiança dos parceiros de cooperação, o relatório completo deve ser divulgado. “Penso que o princípio básico que deve ser defendido em Moçambique e em qualquer parte do mundo é a transparência. Havendo condições para que esse relatório seja divulgado, porque não? A transparência, eu penso que só aumenta a confiança do país“, defende Fausio Mussa.
Entretanto, o banco considera que a publicação do sumário do relatório pela Procuradoria-Geral da República foi bastante positiva. Apesar desses comentários avançados, o economista diz que o Standard Bank ainda não formulou uma opinião sobre o conteúdo do relatório.
“Todos nós estamos a estudar o documento e, obviamente, à espera que as entidades nos indiquem quais serão os próximos passos. Houve a publicação do sumário, será que vamos ter a publicação do relatório completo? Será que isto vai facilitar as negociações com os credores do país? Será que isto vai facilitar o acordo para um programa do Fundo Monetário Internacional (FMI)? Portanto, ainda há uma série de pontos de interrogação“, questiona o economista.
O Standard Bank defende que, mais do que a entrada de novos empréstimos, o país precisa de consolidar a melhoria da confiança, que no futuro pode traduzir-se em melhoria dos ratings do país, pode traduzir-se numa tolerância, para que os que emprestaram dinheiro ao país esperarem mais tempo e permitam que a economia recupere durante esse período.
“Isso pode facilitar decisões de investimentos no sector de gás. Obviamente que é encorajador a decisão da ENI de avançar com a plataforma flutuante, mas é um projecto relativamente pequeno, comparativamente a outros projectos potenciais. Grande parte dos grandes projectos potenciais pode evoluir em função da melhoria da confiança no país“, considera.
Para Mussa, o mais importante não é o nível da dívida, mas o serviço da dívida. “De quantos recursos o país tem que dispor para cumprir com os serviços da dívida? E obviamente que todos os estudos indicam que não é sustentável a forma como o país tinha que pagar essas dívidas. Penso que o país está a reunir condições para criar confiança, de modo a que possa restruturar essas dívidas e que seja possível, ao longo de um período de tempo, fazer o serviço da dívida sem comprometer o desenvolvimento da economia“, explica o economista-chefe do Standard Bank.
O País