Catamo abre o coração: «Sinto-me protegido no Sporting»

Moçambicano, de 23 anos, está a viver melhor época na carreira; revela que sempre teve em mente chegar à equipa principal.

Geny Catamo integrou o plantel principal no início da época, depois de ter concluído formação no clube leonino e ter sido emprestado a V. Guimarães (2021/2022) e Marítimo (2022/2023). Em entrevista à Sporting TV, o moçambicano, de 23 anos, abriu o coração.

– Está a ser uma das revelações do plantel desta época. É assim que se sente?

– Sim, concordo. Ninguém esperava que eu começasse assim a época, mas eu estava confiante, já me tinha vindo a preparar para quando tivesse oportunidade e agarrei essa oportunidade, agora é continuar.

– As pessoas do Sporting sabiam do seu talento, mas não havia a garantia de que pudesses sequer ser integrado no plantel principal. Na sua cabeça isso esteve sempre presente?

– Sempre tive isso na cabeça: ‘a minha oportunidade vai chegar e quando chegar tenho de saber agarrá-la e desfrutar’ porque sempre tive confiança no meu potencial e no meu talento, mantinha a cabeça limpa porque se chegar a oportunidade vou saber aproveitar’.

– Esta está a ser a sua melhor época: mais golos, mais assistências, mais jogos. Está tudo a correr dentro daquilo que eram as suas expectativas?

– Sim. As minhas expectativas eram enormes [risos] e continuam a ser, com os colegas que aqui tenho fica tudo mais fácil, ajudam-me e eu também tenho de os ajudar para concretizarmos os objetivos pelo que o Sporting luta, pelos nossos objetivos, e isso torna-me mais forte, o foco e determinação aumentam, estar a representar um grande clube aumenta os índices cada vez mais e isso esta a ajudar-me bastante.

– A confiança que a estrutura e o treinador depositam em si acabam por refletir-se em campo?

– Sim, reflete-se muito e aumenta a minha confiança, saber que tenho a confiança de todos, agora é desfrutar, tenho tudo ao meu redor, só tenho que desfrutar e ajudar a equipa.

– Sente-se protegido no Sporting?

– Sim, é uma família. Já estou aqui há bastante tempo e agora sinto-me… não tenho palavras para descrever, é algo muito, muito, muito profundo.

– Veio para o Sporting muito jovem. Valeu a pena?

– Claro! Sinto-me muito protegido, não só pela estrutura, mas por todos os sportinguistas. Desde que cheguei o objetivo foi sempre o mesmo, desde os juniores, ‘tenho de chegar à equipa principal’ e sempre acreditei nisso!

–  Tinha a certeza de que ia acabar por chegar à equipa principal?

– Sim. Tenho sempre objetivos individuais, desde que cheguei pensei nisso, e lembro-me que no primeiro treino que fiz na equipa principal, com o mister Rúben, num jogo de treino, no meu quarto pensei ‘tenho de dar tudo hoje para poder aparecer’ e marquei um golo, joguei mesmo bem, e no dia seguinte o mister chamou-me, pensei ‘aqui está a oportunidade que eu soube aproveitar’.

– Tem sentido muito carinho de adeptos do Sporting e de Moçambique?

– Tenho noção de que as coisas vão mudar e o mais importante é não posso perder o foco porque tenho tudo em meu redor, pelo que tenho pensado dia a dia, com muito carinho de todos, aquilo que digo é: vamos jogo a jogo, cada um tem a sua história.

– E a jogar nesta nova posição, mais avançado, como se tem sentido a jogar ali?

– Com a confiança que depositam em mim ajuda-me bastante, a cada detalhe, tanto defensivo como ofensivo, senti melhorias no treino e nos jogos e tive sempre grande apoio do mister. Serei sempre mais um a ajudar. Tenho crescido com a confiança e a liberdade que me dão, isso tem muita influência. Preciso de arriscar mais nessa posição, está a ser muito bom.

– Rúben Amorim confia muito em si, até já fez comparação com Porro, sendo jogadores diferentes, que tem capacidade de tirar jogadores da frente, tal como ele.

– [Risos] O mister é que sabe como detalha os jogo e como quer que avancemos no jogo.

– Defensivamente sente-se mais maduro como ala direito?

– Acho que melhorei muito defensivamente, isso chama-me a atenção.

– Jogar na ala direta, sendo esquerdino, é uma vantagem no seu jogo?

– Não me limita, dá-me mais vantagem, porque logo que recebo a bola vou para denteo e posso chutar à baliza, não me dificulta em nada.

– Você e o Esgaio são usados no lado direito, embora com características diferentes, como é a vossa relação?

«É muito boa. Eles ajudam-me, o Esgaio e o Iván [Fresneda], nos treinos táticos, se é para virar o corpo, correr para trás ou defender de forma diferente. Com todos do plantel tenho uma boa relação, o grupo está unido e isso é  muito importante. O mister, já foi jogador, ele ajuda bastante.

– O Geny e o Edwards são os mais desequilibradores, sente essa responsabilidade?

– Isso vai de acordo de como é que o mister quer abordar o jogo. Mas, achando que o desequilíbrio de nós os dois possam ajudar a equipa, sim, mas eu inspiro-me muito nos colegas, a foram com o Esgaio defende, Edwards e Trincão desequilibra, inspiram-me. Eu ‘roubo’ algumas coisas dele, tento fazer igual. Somos uma família, isso ajuda-me bastante.

– À terceira foi de vez que integrar o plantel…

– Tive duas épocas complicadas, foi difícil, mas não foram duas épocas em vão. Tive que aprender algumas coisas, ganhar experiência na Liga, a segunda época com muitas lesões, aprendi que tenho de ser mais profissional e cuidar mais de mim, comer bem e dormir, fazia-o, mas tive que aumentar os índices para minimizar as lesões. Claro que o apoio da estrutura do Sporting foram fundamentais para isso. O meu foco sempre foi chegar à equipa principal e terem-me acompanhado sempre foi um grande incentivo, nunca senti que estivesse sido esquecido.

Os números de Geny Catamo no Sporting

Época Equipa Jogos Minutos Golos   Assistências
2019/2020 Sub-19 25 1890 9 0
2020/2021 Sub-23 1 73 0 0
B 17 781 0 0
2021/2022 B 13 1104 2 0
Principal 1 60 0 0
2023/2024 Principal 32 1780 4 5

 

– A meio da época passada renovou contrato. Isso foi importante?

– É sempre um sonho renovar e saber que o clube conta comigo para ajudar, isso é muito importante para nos mantermos mais ligados.

– Foi um desafio deixar Moçambique para viver o que estás a viver, está a valer a pena?

– Muito. Foi importante dar esse enorme passo, no início tive dificuldades, mas depois fui-me soltando, fiquei cá na Academia e cruzei-me do sr. Aurélio [Pereira] que me ajudava muito. Aqui confortavam-me, davam-me carinho e estar a viver cá [na Academia de Alcochete] foi muito bom, ajudou-me bastante. Para se ser um jogador temos tudo aqui, isso ajudou-me muito.

– Saber que esta foi a casa do Cristiano Ronaldo foi mais um aliciante para perseguir o seu sonho?

– Saber que é uma academia com vários jogadores bons, um clube grande, a cabeça automaticamente tem que mudar o chip. Sou obrigado a estar sempre nos limites.

– Estamos a entrar numa fase decisiva da temporada, quais são os objetivos individuais e coletivos?

– Vão ser jogos difíceis, mas tal como diz o mister, é jogo a jogo, focar no próximo e estarmos confiantes. Aproveito para agradecer o apoio dos adeptos pelo carinho que me têm dado. (A BOLA)

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