O presidente Renamo, Ossufo Momade, apelou ontem à autoproclamada Junta Militar, um grupo dissidente do seu partido, para se afastar dos actos de violência no centro do país, num dia em que se assinala o primeiro aniversário do acordo de paz com o Governo.
“Aproveitamos a ocasião para uma vez mais exortar os compatriotas da autoproclamada Junta Militar para se absterem de praticar actos de violência contra civis e indefesos, assim como destruição de bens públicos e privados”, disse hoje Ossufo Momade.
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) falava hoje por ocasião da celebração do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, que assinou em 06 de Agosto de 2019 entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi.
Logo após a assinatura do acordo, segundo as autoridades, a autoproclamada Junta Militar da Renamo iniciou ataques armados a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança (FDS) em alguns distritos e troços de estrada da região centro do país, incursões que já causaram a morte de, pelo menos, 24 pessoas desde Agosto do último ano.
O grupo de dissidentes exige a demissão do actual presidente da Renamo, acusando-o de ter desviado as negociações de paz dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico do partido que morreu em Maio de 2018.
Oficialmente, a Renamo demarca-se da acção do grupo dissidente, classificando-o como desertor e reafirmando o seu compromisso com a paz e a reconciliação de Moçambique.
“Convidámo-los a abraçar este momento ímpar do desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) que pode restabelecer socialmente as suas vidas”, afirmou Ossufo Momade, durante a sua declaração hoje em Maputo.
Os dissidentes, chefiados por Mariano Nhongo, um antigo dirigente de guerrilha da Renamo, rejeitam o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, exigem o afastamento do líder do partido, Ossufo Momade e apenas aceitam discutir as suas reivindicações com o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Ao abrigo do acordo, mais de 500 antigos guerrilheiros da Renamo – da meta de pouco mais de cinco mil – já foram desmobilizados no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).
O entendimento é o terceiro entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Renamo, desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, que pôs termo a 16 anos de guerra civil à escala nacional.
Os dois acordos resultaram de confrontos entre as forças governamentais e a guerrilha da Renamo na sequência da contestação dos resultados eleitorais pelo principal partido da oposição.
Angop