O parlamento sul-africano chumbou, ontem, uma moção da oposição para destituir o presidente Jacob Zuma devido à uma série de escândalos, incluindo alegados casos de corrupção no governo, ligados ao presidente e aos seus colaboradores.
A moção, apresentada pela Aliança Democrática, o principal partido da oposição sul-africana, foi rejeitada por 214 votos, enquanto 126 votaram a favor, depois de um debate que incluiu trocas de insultos.
O Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), que tem a maioria no parlamento, disse que não podia apoiar a moção da oposição contra Zuma, apesar de alguns membros do partido no poder terem pedido ao presidente para resignar.
“A única vez que discutimos a nossa Constituição no parlamento é quando debatemos como o nosso presidente a violou”, referiu Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática.
A Provedoria da República da África do Sul publicou a 02 de Novembro um relatório sobre acusações de corrupção formuladas contra o presidente, que apela para uma investigação a possíveis “crimes” de corrupção ao mais alto nível do Estado.
No documento de 355 páginas, intitulado “A Tomada de Controlo do Estado”, a Provedoria “chama a atenção do Ministério Público” e da unidade de elite da polícia sul-africana para “problemas identificados neste relatório nos quais parece que foram cometidos crimes”.
Jacob Zuma, cuja presidência tem sido marcada por numerosos escândalos, tentou impedir a divulgação deste relatório, mas os seus advogados anunciaram ao princípio do dia de hoje que desistiam do recurso interposto contra a publicação.
O relatório investigou acusações de que o Presidente sul-africano permitiu a uma próspera família indiana de empresários, os Guptas, uma influência indevida sobre o Governo, incluindo a possibilidade de escolherem ministros.
Entre as conclusões do relatório, são citadas provas de que David van Rooyen visitou o bairro de Joanesburgo, onde residem os Guptas, um dia antes de ser nomeado ministro das Finanças.
Van Rooyen, um próximo de Jacob Zuma praticamente desconhecido do público, foi afastado do cargo apenas quatro dias depois, por causa de uma desvalorização da moeda e uma queda dos mercados que desencadearam numerosas e fortes críticas políticas ao presidente.