O Governo havia ordenado o enterro colectivo de algumas vítimas, alegadamente porque os corpos estavam irreconhecíveis. Os familiares das vítimas na tiveram a oportunidade de chegar perto dos corpos. A decisão do Governo foi tomada sem o parecer da Medicina Legal.
Depois do incêndio de proporções gigantes, que deflagrou a partir de um camião de combustível, que matou, até à noite de quinta-feira, 17 de Novembro, 75 pessoas e causou ferimentos a 100 pessoas, na localidade de Caphiridzange, no distrito de Moatize, na província de Tete, o Governo ordenou a abertura de uma vala comum para enterrar doze corpos, sobre os quais afirmava que estavam irreconhecíveis.
A vala tinha sido feita a escassos metros da rua onde o incidente ocorreu. A decisão do Governo foi unilateral. Os familiares das vítimas não tiveram a oportunidade de chegar perto dos corpos para o reconhecimento, nem a Medicina Legal foi chamada. A situação gerou uma indignação generalizada e com condimentos políticos à mistura, e acabou por se fazer a exumação dos corpos já enterrados, para efeitos de identificação pelos familiares, e um enterro condigno.
Geraldo Carvalho, deputado do Movimento Democrático de Moçambique, que se deslocou a Tete para acompanhar os desenvolvimentos da tragédia, contou ao nosso jornal que, depois da exumação, oito corpos foram reconhecidos pelos seus familiares sem intervenção da Medicina Legal, o que deita abaixo o discurso do Governo de que os corpos estavam irreconhecíveis.
“Os corpos foram exumados no domingo, dia 20, por volta das 7h00”, disse Geraldo Carvalho.
Segundo o deputado, para a operação, o Governo enviou uma equipa da Medicina Legal, acompanhada por um contingente policial fortemente armado. Até carros blindados foram mobilizados.
(Canal Moz)