“Raparigas são preguiçosas e querem trabalho leve dos instrutores da PRM” disse Muanambane

O assunto das 15 instruendas do XL Curso Básico da EPP-Matalana, engravidadas pelos seus instrutores, está a ser gerido internamente pela PRM, estando a criar alarido na sociedade, que encara o sucedido como a recusa à integridade e dignidade. A par dos debates impulsionados pelos documentos vazados, o Comando-Geral da PRM, que confirma a autenticidade dos docu- mentos, reitera que as medidas já foram tomadas e “estão lá”, mas ninguém sabe como foi a recepção dessas recrutas nas suas casas.

Com a fama de vender o decoro a preço de refresco, um documento que ganha todas a interpretações veio denunciar que, afinal, a perversidade na Polícia pode ser encontrada também na formação. E os incidentes morais que são testemunhados pelos moçambicanos no decurso da marcha da Polícia podem ser a extensão daquilo que se vive na formação.

No dia 28 de Julho passado, o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, decidiu suspender os instrutores que engravidaram as 15 recrutas e interditar a sua entrada no recinto da EPP-Matalana.

Entretanto, as instruendas foram dispensadas na condição de regressarem para o próximo curso. Também decidiu criar condições logísticas para o regresso das mesmas às suas províncias de proveniência. Porém, o documento interno que vazou pelas redes sociais não acautela questões de como essas recrutas serão recebidas nas suas casas.

Abordamos Graça Sambo, do Fórum Mulher, que disse não ter ainda analisado o caso por entender ser complexo. Afinal, segundo nota, a informação que consta do documento vazado, nem os debates até agora trazidos não trazem todas as respostas, como por exemplo se essas recrutas foram todas recebidas em casa.

Já o presidente da Associação Moçambicana dos da Polícia, Nazário Muanambane, começa por lembrar que a natureza da associação é defender os direitos profissionais da Polícia, a partir do momento em que o agente se envolve em actos que não dignificam a agremiação é uma preocupação para o grupo. Neste caso, segundo observa, se está perante pessoas que estão sendo formadas, que vão dirigir o amanhã do país. E quando no
acto da formação se envolvem em actos desta natureza “não teremos polícias exemplares. E a questão que fica é: que Polícia estamos a formar?”.

Adiante, entende que as informações disponíveis indicam que já foram tomadas medidas para desencorajar este fenómeno, mas estas medidas não são suficientes. É preciso que, de acordo com Muanambane, a Polícia venha se explicar para que o Centro de Formação da Matalana não venha a ser confundido como um antro de prostituição.

“Não concordamos que as recrutas voltem para casa, porque os pais criaram condições para que elas fossem para lá para servir o Estado. E essas pessoas não for engravidadas na rua. O Comando-Geral e o Centro de Formação devem as assumir, para elas concluírem a sua formação e servir, no futuro, essas crianças”, propõe Muanambane.

“Muitas dessas raparigas são muito vulneráveis porque são preguiçosas, não querem fazer um trabalho muito forçado, querem dos instrutores trabalhos leves”.

O presidente da Associação da Polícia não se limita à responsabilização da Polícia, mas que é preciso que se investigue as motivações que proporcionam tais acto. “Muitas dessas raparigas são muito vulneráveis porque são preguiçosas, não querem fazer um trabalho muito forçado, querem dos instrutores trabalhos leves. Então começam a lavar roupas dos instrutores, começam a engraxar sapatos, não querem que os instrutores lhes maltratem. Como sabe, na formação da Polícia prepara-se o homem do amanhã. E não olham se é homem ou mulher”.

Pais do Pandza

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