O PNQ é liderado por Albino Jacinto Nhusse, irmão do Presidente da República (PR), Filipe Jacinto Nyusi. [A diferença entre Nhusse e Nyusi deve-se, de acordo com uma explicação que nos foi dada, a um erro na altura em que o PR foi registado.

Irmão de Nyusi nega envolvimento em corrupção no Parque das Quirimbas

Estratégia de delapidação e práticas corruptas por parte da administração do Parque Nacional das Quirimbas (PNQ) em Cabo Delgado é como fontes de “Carta” interpretam a fraca fiscalização das actividades pesqueiras e ambientais naquele património natural do nosso país.

O PNQ é liderado por Albino Jacinto Nhusse, irmão do Presidente da República (PR), Filipe Jacinto Nyusi. [A diferença entre Nhusse e Nyusi deve-se, de acordo com uma explicação que nos foi dada, a um erro na altura em que o PR foi registado. O funcionário da conservatória escreveu Nyusi, em vez de Nhusse].

As alegações de corrupção no PNQ não são de hoje. Em 2016, Baldeu Chande, então administrador do PNQ, foi afastado por alegada corrupção. Em sua substituição, Celso Correia, ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, nomeou Albino Jacinto Nhusse para administrador do PNQ. Mas, dizem as nossas fontes, o ambiente de desordem e mal-estar nas comunidades locais não foi alterado.

A comunidade residente na área em redor do PNQ revelou que a administração do Parque tem enveredado por “chantagens” e cobranças de “luvas” a todos os que queiram dedicar-se à apanha de moluscos e outras espécies, ou praticar uma actividade pesqueira. A administração do PNQ é igualmente acusada de não cooperar com outros sectores intervenientes na gestão das pescas.

Logo que assumiu a liderança do PNQ, Albino Nhusse promoveu Naungi Ntave, um guarda-florestal que semanalmente vendia, juntamente com Baldeu Chande, 1500 toneladas de caranguejo confiscado. A pretexto de fiscalização, a gestão de Chande confiscava produtos marinhos às populações, vendendo-os para chineses nas próprias instalações do PNQ. Agora, com Nhusse, o sistema de venda ilegal de produtos marinhos tornou-se mais sofisticado. Já não são as capturas feitas pela população. Agora são capturas ilegais feitas por pescadores não nativos (idos de Nacala e vindos da Tanzânia). Eles operam na calada da noite, em santuários informais, sob o alegado apadrinhamento de Nhusse.

Albino Nhusse nega as alegações de corrupção que sobre ele pesam, reconhecendo, no entanto, a existência de fragilidades na fiscalização. São essas fragilidades que supostamente facilitam a pesca ilegal e outros crimes dentro do PNQ. Nhusse justifica tal cenário com a falta de pessoal e meios para a sua equipa realizar uma fiscalização eficaz no PNQ. As nossas fontes rejeitam esse argumento, alegando que a “fraca fiscalização” é instrumental para a prática de negócios com chineses e outros pescadores ilegais. Para além da questão marinha, no PNQ destaca-se o negócio de café e produtos para fabrico do cimento.

 (Omardine Omar – Carta)

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