Muchanga prometeu “amarrar com arame e ir entregar à polícia” o jornalista Marcelo Mosse em retaliação à uma alegada difamação
O Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS) condena as ameaças proferidas pelo deputado da Renamo, António Muchanga, contra a integridade física do jornalista Marcelo Mosse, por alegadamente o ter difamado.
Foi a 15 de Abril num debate televisivo do canal TV Miramar que o deputado Muchanga disse que iria recorrer à violência para ajustar contas com o jornalista moçambicano, Marcelo Mosse.
“Eu próprio já fui muita vítima de alguns jornalistas, tipo Marcelo Mosse que até agora ando à procura dele, porque já estou autorizado para aonde o apanhar amarrar com arame e ir entregar à polícia,” disse Muchanga.
O deputado sublinhou que “isso é o que vai acontecer no dia que eu cruzar com ele em qualquer sítio, porque difamou-me e vai ter que provar o que andou a escrever em meu nome“.
O Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social e o Presidente deste órgão, Tomás Vieira Mário, diz que as declarações de Muchanga suscitam grave preocupação.
“A nossa reação é naturalmente de repulsa e incredulidade dada a qualidade do seu autor – é um quadro sénior de um partido político e é deputado no Parlamento. Não se poderia esperar de forma alguma que alguém nessa qualidade proferisse em público ameaças como está que o deputado António Muchanga proferiu contra o jornalista Marcelo Mosse“, diz Vieira Mário.
A preocupação, segundo Vieira Mário, agrava-se tendo em conta o momento em que a classe atravessa, após a agressão ao jornalista Ericino de Salema.
“É o pior que se pode esperar que apareça um político a fazer declarações que padecem tornar banal a agressão a jornalistas como aconteceu, portanto parece dizer que isto pode acontecer e eu mesmo deputado posso fazê-lo“, afirma.
Para Fernando Lima, membro do Comité de Emergência para a Protecção das Liberdades de Moçambique, o que Muchanga disse é totalmente condenável:”
Lima explica que “sempre disse que os jornalistas e os meios de comunicação social não estão acima da lei, portanto há mecanismos legais para lidar com abusos da liberdade de imprensa, quer por jornalistas, quer por órgãos de informação, mas de modo algum isso passa por amarrar jornalistas com arames“.