Carta aberta a Daviz Simango — Por Luis Nhachote
Excelência,
Antes de mais permita que me apresente: A nascença foi me posto o nome de Luís Filipe Nhachote. Vi a luz do dia, pela primeira vez, a 13 de Novembro de 1974 e, o sol de Junho da noite chuvosa de 25 que viria a seguir, era expectante.
Prenomitório e esperado, fruto de 10 anos de insurreição contra o colonialismo português, causa pelo qual o seu pai, o Reverendo Uria Simango, se baterá desde a primeira hora, após ele ter sido um dos fundadores da UDENAMO. É largamente público e histórico esse facto indelevél, que culminou com a junção dos três movimentos que dariam lugar a FRELIMO. Quando cheguei neste vale de lágrimas, nesta pátria e em jeito transitório, a Frelimo preparava a independência e os algozes sedentos do poder e do sangue inocente, iniciavam a caça as bruxas que culminaria com a prisão dos seus país entre tantos outros milhares. O único crime do seu pai, que eu saiba – fruto de leituras e relatos pugentes de testemunhas históricas – foi o facto do Reverendo ter escrito o documento intitulado: “GLOOMY SITUATION IN FRELIMO” onde ele expunha e denunciava os momentos sombrios que se viviam dentre da organização, da qual ele membro fundador e via os propósitos mais nobres a serem disvurtuados. O mais grave deles, eram os assassinatos que estavam em curso. Era o grito do desespero do vice-presidente da Frelimo ou o grito de revolta?
O Reveredo, o seu pai, não chegou a sentar na cadeira da presidência da Frelimo, como rezavam os estatutos da Frente, em caso de vacatura, tal como aconteceu quando o lider Eduardo Mondlane, foi sucumbir em casa de Betty King, ali em Oyster Bay, em Dar-Es-Salaam. Ao seu pai, foi lhe imposto um duo, naquilo que históricamente é conhecido pelo “triunvirato”, da qual se juntaram Marcelino dos Santos e Samora Machel, no “Golpe palaciano” muito provavelmente para o “controlarem” ou até o assassinarem, como os algozes mais tarde vieram a fazer, deixando a si e seus irmãos órfãos e ostracizados até pelo grosso de uma sociedade doutrinada a conhecer os ‘porcos, maus e feios’, indicados pelo dedo indicador de homens que juraram aqui seria o tumúlo do capitalismo. Alguns desses homens, julgaram em Nachigwea e extrajudicialmente mandaram executar o seu pai. Nem se dignaram a entregar os restos mortais, para as familias realizarem os funerais, conformem rezam as tradições..
Meu Caro Daviz
Saido da guisa do introito, escrevo-lhe esta carta para lhe apelar ao bom senso na condução dos destinos do partido que dirige, que se assumiu, no parto a nascença as pretensões de ser um lugar “Para todos”. Não é o que está a parecer ser
A tragédia que se abateu com o assassinato vil e cobarde de Mahumudo Amurane, pode ser o prenuncio daquilo que Karl Marx dizia: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”
Mahumado Amurane, seu par em dissidência por desiteligências que poderiam ter sido sanavéis é farsa que antevejo nas minhas lentes e o seu pai, o reverendo, a tragédia. Aquele “showoff” gratuito que se está a assistir em Nampula, antes da missa dos 30 dias de Amurane é desolador.
Com o assassinato de Mahumado Amurane a direção máxima do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) começou a revelar os sinais de degradação geral da sua estrutura perene.
O seu “quadro” Manuel Tocova, que dirige interinamente o Municipio de Nampula, sob batuta da “malta da Beira” como ontem ouvi no café, exonerou numa sentada seis vereadores, diretores e cinco chefes de posto urbanos e, no lugar destes indicou partidários do MDM, que haviam sido exonerados por Mahamudo Amurane em vida, por manifestas práticas de corrupção!!!.
Qual é a sua agenda meu caro Daviz?
Os autênticos dias de fel que o MDM está a passar, desabonam o equilibrio que se reveste na bipolarização entre os dois principais partidos armados neste país.
Ou se transfiguram e se reerguem com inteligência e serenidade, ou então vamos assistir ao funeral desse Movimento
Faça isso em memória do Reverendo e de Mahamudo Amurane e a história o absolverá!!!