UM jovem foi obrigado a fazer o “lobolo” do cadáver da sua esposa, como condição para efectuar cerimónias fúnebres, na cidade de Inhambane, em Moçambique.

Jovem obrigado a lobolar cadáver

UM jovem foi obrigado a fazer o “lobolo” do cadáver da sua esposa, como condição para efectuar cerimónias fúnebres, na cidade de Inhambane, em Moçambique. Por outro lado, terá que organizar a cerimónia de casamento que não efectuou com ela em vida.

O “lobolo” é uma cerimónia tradicional que antecede ao casamento, na qual o genro paga um determinado valor em dinheiro e bens, de dote, previamente estipulado pelos pais da noiva. Trata-se de uma das maiores tradições que quase sem excepção é realizada em Moçambique.

Os dois jovens viviam maritalmente no bairro Malembuane, na capital provincial de Inhambane. A mulher perdeu a vida no último sábado devido a complicações no parto, conforme noticia a Rádio Moçambique.

Depois de tomar conhecimento da morte, a família da malograda obrigou ao jovem viúvo a fazer uma cerimónia de apresentação, alegando que não haveria funeral antes deste acto. A família da finada acusa o jovem de não ter cumprido todos os procedimentos costumeiros para poder ser conhecido na família da esposa. Por isso não há outra solução a não ser pagar o valor do dote, antes do funeral.

Entrevistado pela RM, o viúvo conta que ainda ontem, domingo, teve que comprar as roupas da noiva e proceder à sua apresentação, como condição para que as exéquias da esposa tivessem lugar.

Todavia, o jovem tem ainda a obrigação de pagar uma multa no valor de 48 mil meticais, e mais, a família exige casamento, com a esposa morta, tendo sido marcado para o próximo dia 15 de Dezembro do ano em curso.

Segundo o viúvo, “o parto foi complicado e ocorreu prematuramente, ela ainda não tinha completado o tempo de gestação, estava no oitavo mês de gravidez, tendo ocorrido via cesariana. A criança está viva, encontrando-se no hospital provincial de Inhambane, mas infelizmente a mãe perdeu a vida ”, lamentou o jovem viúvo.

Por sua vez, o irmão do jovem garantiu que tudo será feito para amainar os ânimos da outra família, condenando, porém, a decisão dos pais da malograda que ameaçam de morte ao genro, caso não cumpra o acordado.

Assim, nós tentamos juntar os 48 mil meticais solicitados, mas infelizmente somente conseguimos, até agora, 10.500,00 meticais. Fizemos uma declaração que nos compromete a pagar o valor em falta no dia 15 de Dezembro e obrigaram-nos a comprar um véu para a finada”, contou o irmão do viúvo.

O funeral da mulher  aconteceu no bairro de Marrambone.

FONTE: Jornal Notícias

Imagem: DW

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