Artistas moçambicanos unidos na luta contra violência nas Escolas

Acreditando que a escola seja o melhor espaço para ensinar a cultura de solidariedade e companheirismo entre as crianças moçambicanas, reagindo à apresentação do inquérito feita semana passada pela Direcção de Educação e Desenvolvimento Humano da Cidade de Maputo, Direcção da Educação e Cultura do Distrito Ka Mpfumo e outras instituições sobre o incidente ocorrido há dias, na Escola Secundária Josina Machel, a briga entre colegas e que culminou com esfaqueamento e consequente expulsão de dois alunos, os artistas moçambicanos presentes no local prometem com o projecto “Moçambique meu sonho” eliminar a violência nas escolas, usando a arte.

Abdul Naguib, representante dos artistas, disse no encontro que é preciso mostrar as crianças que existe o outro lado da vida, “que existe a cultura, solidariedade, companheirismo, e infelizmente nas nossas escolas a cultura ainda não é tratada como cultura para pacificação das pessoas, e, no entanto, queremos nós os artistas, através do projecto ‘Moçambique meu sonho’, que congrega escritores, músicos, pintores, alunos a questão da violência. Vamos accionar o projecto brevemente, principalmente nas escolas problemáticas do país. Queremos mostrar aos jovens outros caminhos positivos, como a pintura, a música, poesia, literatura e outras artes que podemos ensinar’, disse Naguib justificando que o projecto não aconteceu antes do incidente da “Josina Machel”, uma vez que o processo da sua aprovação ainda estava em andamento.
Nós começamos a trabalhar com o Ministério da Educação há 6 meses, e, como se sabe, precisávamos de ter o apoio de outras instituições e as mesmas só davam apoio se tivéssemos legalizado juridicamente o projecto, então foi um processo de recolha de registos criminais; o processo teve que dar entrada a nível provincial para depois de cidade, até ao Ministério da Justiça, finalmente ontem fomos aprovados pela associação e agora estamos à vontade para trabalhar’, justificou Naguib.

O artista diz que a cultura moçambicana é viva e é impossível destruir. “A cultura moçambicana nasce em nós, desde milénios, porque ela não pode absorver outras culturas, ela deve ser preservada, portanto, vivendo num mundo globalizado por vezes os jovens recorrem a referências internacionais até no cinema, por não sermos presentes como referência artística moçambicana, e isso traz problemas e atrocidades na cultura, como assistimos nos dois alunos violentos no pátio da escola. Por isso temos que reverter essa questão”, apontou Naguib acreditando que o incidente não somente se prende na questão da desvalorização da cultura moçambicana, mas também “o país está a viver um stress colectivo que se reflecte nas escolas.

Portanto, não é uma questão de desprezo da cultura por parte dos alunos, o país está tenso por vários problemas que conhecemos, então, dentro de uma semana vamos apresentar o projecto porque a ideia é trazer as nossas referências nas escolas, como Moreira Chonguiça, Stewart, Neyma, Victor Sousa, Clarisse Machanguana, gente de teatro, entre outros”, prometeu Naguib afirmando que é necessário que se afaste o álcool e as drogas do alcance dos estudantes. “Queremos também persuadir as nossas autoridades a retirarem todas as barracas próximas das escolas. É tarde mas temos que fazer, vale tarde do que nunca, portanto, os erros que cometemos devem significar uma aprendizagem e não fracasso. Se existem erros que cometemos nas nossas escolas devemos aproveitar como amostra para a nossa aprendizagem, a fim de melhorarmos a nossa forma de estar’, apela. “O Moçambique meu sonho irá abranger cerca de 13 mil escolas, envolvendo 6 milhões de crianças, portanto, queremos trazer a convivência harmoniosa nas escolas, solidariedade, o amor, companheirismo; acabar com a violência, os maus comportamentos e incentivar os pais e encarregados de educação a participar na vida da escola.


O projecto tem em vista a criação de concursos de conto, em que as crianças redigirão contos tradicionais, daí serão seleccionados 10 ou 20 contos por província e criar-se um livro de crianças para crianças”, Concluiu Naguib.

Fonte:JornalSavana

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