Moçambicanos constam no topo da lista dos estrangeiros que mais procuram emprego em Angola

Um estudo sobre a procura de emprego em Angola, na terça-feira divulgado, revela uma “pequena presença de estrangeiros procurando oportunidades de emprego” no país (cerca de 2%), com portugueses, brasileiros e moçambicanos no topo.

“Isto sugere uma pequena presença de estrangeiros procurando oportunidades de emprego Angola e uma forte barreira linguística, mesmo para a oferta de trabalho relativamente sofisticada”, segundo a Jobartis e o Centro de Investigação Económica (Cinvestec) da Universidade Lusíada de Angola, entidades que produziram o estudo.

Na componente de candidatos ao emprego por nacionalidade, o relatório refere que a República Democrática do Congo (RDCongo), que detém uma vasta fronteira terrestre e marítima com Angola, é dos países com menor representatividade, apesar da existência de milhares de cidadãos congoleses que residem há décadas em Angola e das dezenas que são travados semanalmente pelas autoridades fronteiriças por tentativa de imigração ilegal.

Presentes nas 18 províncias angolanas, os congoleses exercem maioritariamente atividades informais, sobretudo o comércio, em mercados, ruas, passeios e/ou mesmo à porta de casa, onde vendem de tudo um pouco.

O relatório elaborado pela Jobartis – portal de emprego online em Angola – e pela Cinvestec, em colaboração com a CRH Comunidade de Recursos Humanos (CRH) Angola, compreende dados recolhidos entre 2020 e 31 de dezembro de 2023.

A base de dados da Jobartis inclui informações de 50 mil candidatos, duas mil empresas e 10 mil ofertas de emprego, sendo que, em média, o portal recebe 10 965 candidaturas de emprego por trimestre.

Prestação de serviços, indústria transformadora, comércio, construção e telecomunicações estão entre as categorias de atividades mais representativas.

A província de Luanda, por ser o centro da atividade económica do país e o local onde o portal da Jobartis tem maior penetração, domina a oferta e a procura de emprego.

Em relação à procura e oferta de emprego neste período, o número de candidatos continuou a ser significativamente superior ao número de vagas, com a quantidade de vagas disponibilizada pelas empresas de 2022 a 2023 a absorver, em média, somente 23% dos candidatos.

Segundo o relatório, no segundo trimestre de 2022 e quarto trimestre de 2023 a cobertura da oferta pela procura subiu para 54% e 94%, respetivamente, devido à abertura de 5.000 vagas para preenchimento de formulários e de 10.000 vagas para um call-center em 2023.

A análise dos dados aponta para uma predominância masculina nos candidatos a emprego, com uma média trimestral de 67% de homens contra 33% de mulheres. No entanto, salienta o estudo, a participação feminina está a crescer.

A análise salarial mostra uma predominância de mulheres nos escalões salariais mais baixos e de homens nos mais elevados. “Esta desigualdade persiste tanto nos salários efetivos quanto nos desejados, sugerindo uma perceção de oportunidades limitadas para as mulheres em alcançar remunerações mais altas”.

Expectativas de mudança de emprego “são altas em ambos os géneros”, salienta o texto, com cerca de 62-63% dos inquiridos considerando muito provável mudar de emprego nos próximos meses. Este dado indica uma “insatisfação generalizada e um desejo de mobilidade no mercado de trabalho, independentemente do género”, acrescenta. ()

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