“Crise na Renamo é uma vergonha nacional”, diz Elias Dhlakama

O membro sénior do partido Renamo, Elias Dhlakama, diz que a crise que se vive na segunda maior força política do país é um fenômeno que o partido nunca tinha experienciado antes.

O irmão do antigo líder do partido Renamo, Elias Dhlakama, desabafou hoje sobre a situação actual da “perdiz”.

”Há mais de 40 anos da nossa existência, nunca nos deparamos com uma situação dessas, em que um problema interno da Renamo fosse parar no tribunal”, referiu Elias Dhlakama.

Elias Dhlakama disse ainda que a crise que se vive dentro da Renamo é provocada pelo desrespeito aos estatutos internos para satisfazer apetites pessoais, e considera vergonhoso o actual estágio do partido.

Sabemos o que são os nossos estatutos. Os nossos estatutos são o nosso guia, a nossa bíblia e a nossa Constituição. Todos estão convidados a cumprir. O não cumprimento dos estatutos da Renamo nos fez chegar onde chegamos, o que eu considero uma vergonha nacional para a Renamo”, disse Dlhakama.

O partido Renamo vive uma crise interna, agudizada por duas providências cautelares movidas por Venâncio Mondlane, membro do partido, contra Ossufo Momade, presidente, no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. Mondlane queixou-se do facto de Momade, alegadamente, se furtar de marcar a data para a realização do congresso.

O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo decidiu a favor de Venâncio Mondlane e suspendeu todas as decisões tomadas por Ossufo Momade e todos os órgãos da Renamo desde 17 de Janeiro, altura em que ficaram fora do mandato.

Trata-se da primeira decisão sobre as duas providências cautelares submetidas pelo antigo assessor particular do Presidente da Renamo contra Ossufo Momade e o partido que dirige.

Num despacho, datado de 06 de Março, a décima primeira Secção Cível do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo notifica as duas partes que dá “luz verde” ao pedido de suspensão da eficácia dos actos praticados pelo Momade e pelos órgãos do partido nos últimos quase dois meses.

Elias Dhlakama alerta, no entanto, que “quem sai a perder no meio de tudo isso não é o Ossufo Momade e nem o Venâncio Mondlane, mas a própria Renamo”.

Segundo o nosso entrevistado, a instabilidade política que o partido vive, marcada por crispação entre alguns membros, pode prejudicar o partido e aponta a possibilidade de a crise forçar a retirada do partido da corrida eleitoral de 9 de Outubro.

”Há riscos porque os nossos adversários podem se aproveitar disto. Porque o que vai acontecer daqui em diante é que Ossufo Momade vai recorrer porque não concorda com a decisão e a justiça vai puxar a corda por muito tempo e vamos chegar nas eleições com rachas”, alertou Elias Dhlakama .

Elias acredita que só a realização do Congresso pode resgatar a essência do partido. ”Se tivéssemos realizado o congresso, nem chegaríamos a esse ponto. A Renamo precisa de reformas profundas”, reiterou Dhlakama.

Elias Dhlakama frisou ainda que a informação de que não há fundos para a realização do Congresso da Renamo não constitui verdade e apelou ao presidente do partido a conformar-se com os estatutos. ()

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