A RENAMO anunciou a marcação do seu congresso para os dias 15 e 16 de maio. A decisão surge depois de um acordo entre a liderança do maior partido da oposição e Venâncio Mondlane, cabeça de lista por Maputo.
O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, anunciou esta sexta-feira (22.03) a realização de um congresso para escolher o candidato presidencial do principal partido da oposição nas eleições de 9 de outubro.
A decisão foi tomada depois de o cabeça de lista por Maputo nas últimas eleições autárquicas, Venâncio Mondlane, ter submetido uma providência cautelar num tribunal da capitalcontra Momade, exigindo a realização do congresso. O assunto não foi julgado, porque, segundo Mondlane, houve um acordo entre a liderança da RENAMO e ele próprio.
“Houve um acordo. Isso aconteceu durante a sessão [de audição no tribunal]. Não houve um contacto direto [com Ossufo Momade], mas a partir do seu mandatário”, explicou à DW África.
“Mantenho-me firme nas minhas convicções”
Com as datas já marcadas para o congresso, Venâncio Mondlane reitera a sua vontade de concorrer à presidência do maior partido da oposição: “Mantenho firme o meu posicionamento de candidatar-me à presidência da RENAMO. Eu inclusivamente tinha apresentado o manifesto eleitoral na minha primeira aparição em Nacala [província de Nampula], a 12 de janeiro”, acrescentou.
“Mantenho-me firme nas minhas convicções e no meu interesse em candidatar-me à presidência da RENAMO”, sublinhou à DW.
Ao abrigo do acordo para a realização do congresso, será criado um gabinete de preparação do evento. “Este gabinete vai marcar o calendário eleitoral até à eleição”, indicou o presumível candidato.
“Em função disso, vamos avançar para a campanha; vamos avançar para detalhar o manifesto que temos até este momento”, referiu. “Apresentei o manifesto, mas de uma forma muito superficial. A partir do momento em que for definido o calendário eleitoral, vamos apresentar o nosso manifesto com detalhes”, garantiu.
Necessidade de reformas
Venâncio Mondlane justificou a sua vontade de candidatura à presidência daquela força partidária com a necessidade de realizar reformas em prol da “modernização da RENAMO”.
“A RENAMO está a precisar de uma espécie de recredibilização“, disse. “A marca RENAMO é muito valiosa e tem de ganhar algum impulso adicional. Tenho ideias sobre a situação dos desmobilizados”, partilhou.
Elias Dhlakama, membro do Conselho Nacional e quadro sénior da RENAMO, também tem criticado Ossufo Momade publicamente. “Com o general Ossufo Momade, estamos a ter baixas e ele não está a aperceber-se disto”, comentou.
“Em 2018, tivemos oito municípios e não foram do general Ossufo Momade, foram [responsabilidade da] organização deixada por Afonso Dhlakama”, referiu. “O primeiro teste de Ossufo foi em 2019 e a RENAMO não conseguiu eleger um único governador. Tinha 89 deputados e perdemos 29 deputados, ficando com 60”, criticou. (TEXTO: DW)