Mais um ataque armado foi registado por volta das 05h00 de hoje, na região de Ziro – fronteira entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa – na província de Sofala. Não houve vítimas humanas. É a terceira incursão armada no mesmo local, em uma semana.
E é o segundo ataque armado em Nhamatanda, num intervalo de 24 horas. Esta terça-feira, um membro da Polícia da República de Moçambique (PRM) foi assassinado a tiros no posto policial de Metuchira, sequência de uma invasão àquela subunidade da corporação.
Sobre o ataque de hoje, testemunhas contaram que o ataque foi cometido por indivíduos trajados de uma farda verde ( geralmente usado pelos homens da RENAMO), a partir de uma pequena elevação, na berma da EN1, no troço entre Inchope e Gorongosa.
“Os homens armados dispararam três tiros contra a cabine do camião. O motorista, de nacionalidade Zimbabweana, imobilizou o veículo. Ele e o seu ajudante saíram a correr e esconderam-se numa mata do lado contrário de onde as balas eram disparada”, contou um cidadão quês e identificou pelo nome de Domingos João.
Segundo a fonte, “os malfeitores, em número de três, dirigiram-se ao camião”, tendo um deles retirado da cabine “duas pastas e outros bens”.
O segundo atacante, que permanecia fora da cabine da viatura assaltada, juntou-se ao terceiro, que tentava, sem sucesso, retirar alguns bens do camião. Eles desistiram e foram embora, disse o interlocutor do “O País”.
Por conta dos disparos, populares que vivem nos arredores da região do Ziro fugiram para as matas, de onde alertaram a Polícia. Esta fez-se ao local por volta das 06h00, quase uma hora depois do ataque. Mesmo assim, até ao princípio da noite de ontem, dezenas de famílias que residem próximo da zona onde ocorreu o ataque continuavam nas matas.
Contudo, a circulação de pessoas e bens ao longo do troco Inchope-Gorongosa, que ficou condicionada por algum tempo, voltou à normalidade antes das 09h00 de hoje.
Refira-se que foi em circunstâncias semelhantes as acimas relatadas que começou o conflito armado no país, em 2013, e cessou em 2014, em resultado de um arranjo político que não foi efectivo, entre o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, e o falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para viabilizar as eleições gerais.
Terminado o processo eleitoral, o país resvalou para uma outra tensão político-militar, cujo fim foi marcado pela assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, a 06 de Agosto, em Maputo, pelo Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade. Ambos prometeram que a guerra jamais será solução para resolver as diferenças, quaisquer que sejam, entre os moçambicanos.
Todavia, pese embora essa promessa, as províncias de Manica e Sofala registam ataques cujos mentores são desconhecidos. Nas suas declarações pública e aos órgãos de comunicação social, a Polícia imputa, comumente, as incursões armadas aos homens da Renamo e à autoproclamada Junta Militar deste partido.
Mas Ossufo Momade disse à DW, na terça-feira, que se distancia dos ataques em questão e remeteu ao Governo a responsabilidade de investigar quem são os protagonistas.
O País