Cerca de 250 homens armados da Renamo posicionados no distrito de Funhalouro, província de Inhambane, ameaçam boicotar o processo de desarmamento, desmobilização e reinserção (DDR), caso Ossufo Momade continue na liderança do partido.
Os guerrilheiros, posicionados especificamente na base de Xigono, localidade de Tsenane, convocaram sábado a imprensa para anunciar que, enquanto Ossufo Momade continuar Presidente da Renamo, não vão entregar armas.
Segundo o tenente-coronel João Machava, responsável pela segurança da Renamo na região Sul do país, os comandos exigem a realização, ainda este mês, de eleições internas na Renamo para a escolha de um presidente que respeite tudo aquilo que foi realizado pelo falecido Presidente Afonso Dhlakama.
“Queremos um presidente sério, uma pessoa que sofreu connosco aqui no mato durante oito anos; não queremos um presidente que esteve na cidade a deliciar-se da brisa da praia da Costa do Sol ou da Mira Mar na Beira. Estamos dispostos a ficar o tempo que for necessário aqui no mato, mas não vamos entregar as armas enquanto Ossufo Momade continuar presidente da Renamo”, assegurou aquele oficial superior da Renamo.
Os homens da Renamo em Funhalouro acusam Ossufo Momade de ser tribalista, regionalista, ignorante e de estar a trabalhar para destruir o partido. “Avisamos o Presidente Nyusi, a comunidade internacional e em especial os quadros da Renamo, que enquanto Ossufo Momade continuar na liderança não vamos entregar as armas, porque, na verdade, a Renamo somos nós”, sublinhou o tenente-coronel.
Num outro desenvolvimento, Machava sublinhou que Ossufo Momade errou quando desmontou todo o estado-maior que havia sido montado pelo falecido Afonso Dlhakama e perseguiu todos aqueles que não apoiaram a sua candidatura para a presidência da organização política.
“O partido não pode ser dirigido como um governo onde são indicados quadros de confiança. É preciso acarinhar todos porque todos os membros jogam papel importante para o bom desempenho do partido”, disse, salientando que até pode haver casos de indicação, desde que as regalias sejam garantidas a todos os membros.
Por outro lado, o comandante da segurança para a região sul do país considera “palhaçada” a suposta promoção do brigadeiro Josefa de Sousa para a patente de major-general. “Ninguém é promovido através de uma chamada telefónica e preso. Na verdade, o brigadeiro Josefa de Sousa está na cadeia porque não se comunica com os colegas nem com a sua família”, disse Machava, acrescentando que outros prisioneiros da Renamo são Raimundo Tai, que se encontra encarcerado em Catandica, província de Manica; e o brigadeiro Ponha, na base de Mangomulo, em Sofala.
O processo de DDR surge no quadro das decisões do diálogo político entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e a liderança da Renamo.