O bastonário da Ordem dos Engenheiros de Moçambique (OrdEM), Ibraimo Remane, diz que esta classe se sente discriminada nos processos de construção de grandes obras como a Ponte Maputo-KaTembe, Aeroporto de Xai-Xai, entre outras.
“Nenhum de nós sabe como estas obras foram concebidas, projectadas e executadas, pelo que será difícil assegurar a sua manutenção”, diz Rename.
“Como iremos fazer a manutenção de obras como a Ponte Maputo-KaTembe se nenhum engenheiro moçambicano participou da concepção, elaboração do projecto e não esteve nos sectores-chave da sua construção?”, questiona Rename, citado ontem pelo Jornal Domingo.
O bastonário da Ordem dos Engenheiros considera que esta questão é fulcral, sobretudo porque a classe já percebeu que essa discriminação tornou-se uma tendência.
Na entrevista que concedeu ao jornal disse que não são chamados a opinar “talvez porque fazemos análises frias e muitas vezes as pessoas não gostam disso”. Adianta que muitos não sabem que os engenheiros agem assim porque, pela natureza desta profissão, devem colocar o conhecimento científico ao serviço da utilização prática para criar impactos na qualidade de vida das pessoas, no ambiente e em todos os sectores da economia. “Talvez seja por isso que nos discriminam”, sublinha.
Aliás, a tese de marginalização aguça com o dilema que a OrdEM enfrenta de falta de instalações próprias. Descreve que, em 2009, o Conselho Municipal da cidade de Maputo retirou-lhes um terreno onde iriam construir a sua sede. “Pagámos tudo, o projecto foi aprovado, entretanto, a concessão foi revogada até hoje. Esta é a nossa maior batalha”, revelou.
Folha de Maputo