Ao Dhlakama não se chora!
Tombou o dinossauro. Fez a sua parte. Concluiu a sua missão na terra. Pode descansar em paz. Chorá-lo é demonstrar fraqueza. Um líder da estirpe de Afonso Dhlakama não se chora. Segue-se-lhe os ensinamentos. Dhlakama não chorava. Não lamuriava. Lutava. Enfrentava. Acreditava na sua força. Acreditava que quem quer e luta consegue. Se hoje temos democracia, liberdade de imprensa, é graças a este ímpar homem. Para quê chorá-lo?
O que a Renamo, em particular, e povo moçambicano, em geral, devem fazer é mostrar, daqui para frente, que, sim, entenderam os ensinamentos de Afonso Dhlakama. Ninguém vive eternamente. Acabou o seu tempo aqui na terra. E nós que ficamos…o que fazemos para honrá-lo, para demonstrar que a sua luta não foi em vão?
É verdade que Dhlakama, de certa forma, foi controverso. Mas devemos recordá-lo pelo seu lado positivo. A semente de que deve se respeitar o outro, foi lançada por Dhlakama. Ele até durou para que a mesma brotasse. Agora precisa de outras mãos para a cuidarem. Já é uma planta gigante. E se morrer, a culpa será nossa. Sem exclusão. Neste momento não interessa a que partido tu pertences. Todos somos moçambicanos. O que morreu é um destacado moçambicano.
E é desta feita que veremos se efectivamente os que estão ali, a sonecar na Assembleia da República, são mesmo da Renamo ou filiaram-se ao partido para obterem benesses. Benesses essas que Dhlakama as dispensou. Por isso que morreu desamparado nas matas de Gorongosa. E mesmo assim, creio, ele não iria gostar que qualquer um de nós o chorasse. Ele não ensinou o medo. Era bravo. E a sua bravura deve servir de seiva para erguermos um país melhor. Um país justo. Um país dos moçambicanos. Um país que acolhe a todos independentemente da sua cor partidária, tribo, crença religiosa, cor da pele.
Ao mundo devemos mostrar que somos grandes. Que somos, efectivamente, moçambicanos. A reconciliação da família moçambicana, a paz e a concórdia não devem ser sepultados junto com Dhlakama. O caminho é para frente.
Temos de mostrar ao mundo que somos diferentes, pelo menos neste quesito, dos angolanos. Morreu Jonas Savimbi e levou consigo o sonho de uma Angola igualitária. A Unita de Savimbi nada tem que ver com a actual. Está destruída. Perdeu o norte. A Renamo deve aprender destes exemplos para não vacilar. Escolhos, claro, serão muitos. Não se chega a lado nenhum sem lutar. Há sempre adversidades. E Dhlakama mostrou que nenhuma adversidade é maior do que a vontade de um homem. Lutou. Partiu porque chegou o seu tempo.
Moçambicanos: Dhlakama merece aplausos!
Nini Satar