“Monstro” de ideais nobres
Assassino ou líder de convicções nobres? Vilão ou herói? Nos últimos dois dias da sua morte ouviu-se quase todo tipo de adjetivos, desde insultos a elogios.
Todos têm razão, têm sua legitimidade, afinal ele era um general de guerra e teve seu passado sangrento a favor de algo que ele acreditava ser bem maior a semelhança da própria independência que também fez de muitos santos assassinos, mesmo conscientes de que nada na vida justifica a morte de um ser humano. Não entendo muito de guerra, mas entendo pouco do meu País.
Independentemente dos sentimentos que temos sobre ele, a política Moçambicana não pode ser contada sem se evocar o nome de Afonso Dhlakama. Tinha seus defeitos, pegou em arma, as vezes contradizia-se em seus discursos, recorria à uma linguagem belicista, mas seu alvo: um Moçambique efetivamente democrático, onde as liberdades individuais são garantidas, o isenta da sua fragilidade como homem falho e o eleva a heroicidade que ele merece.
Num olhar sobre Moçambique após independência, pode-se afirmar que sem aquele líder as liberdades que os moçambicanos têm hoje, frutos de democracia, não as teriam como garantidas, seriam privilégios de uma certa classe.
Ficou nas mãos de todos Moçambicanos a responsabilidade de consolidar essa nossa pobre democracia e entender que, independentemente das nossas convicções partidárias, somos todos irmãos e membros de uma nação uno e indivisível.
O futuro dirá mais sobre ele. Há qualidades que a vida esconde e a morte revela.
Que ele descansa em paz e com o título de pai de Democracia.
Por: Nelson Mucandze