Manuel de Araújo disse que Nyusi soube ser Chefe de Estado no velório de Dhlakama

Saiu a ganhar Moçambique a nossa pátria comum. Perante uma audiência hostil, Nyusi soube arrancar, se a memoria não me trai três momentos de aplauso,

Gostei de ter estado com o meu Presidente da Republica na Cerimonia Fúnebre de Afonso Dhlakama, mesmo sabendo que não comungamos dos mesmos pontos de vista em muitas questões. Nyussi, soube estar acima dos interesses partidários, pois sabemos que dentro do seu partido há muitos que não comungam da sua acção! Senti-me incluído na Rés Publica, porque senti que Chefe de Estado respeitou a minha opinião, a minha forma de ver as coisas, apesar de diferente das dele! Soube ser Chefe de Estado, deixando por alguns minutos ou horas de ser apenas Presidente do seu partido! O seu discurso foi impecável, respeitoso e dignificante não só para ele como pessoa, mas também para a função que desempenha.

Saiu a ganhar Moçambique a nossa pátria comum. Perante uma audiência hostil, Nyusi soube arrancar, se a memoria não me trai três momentos de aplauso, todos referentes ao Grande Homem e patriota que era Afonso Dhlakama! E obra e os seus detractores dentro do partido não o perdoarão! Aqui os parabéns vão também para o Assessor ou Conselheiro que rabiscou o draft! Se Samora Machel e seus Conselheiros tivessem tido esta atitude, de pensar um Moçambique plural, de respeitar a visão de nos outros igualmente moçambicanos mas com idiossincrasias diferentes, se tivessem sabido respeitar o pensar diferente, quem sabe se, mesmo com a confrontação Leste – Oeste não tivéssemos evitado a guerra dos 16 anos e com ela salvo milhares de vidas humanas e colocado Moçambique no mapa do desenvolvimento!? Temos ideia de quanto nos custou a nossa intransigência ao não respeitar o pensar diferente?

E com discursos desta natureza que vamos construindo as bases e os alicerces da paz, da democracia, da justiça, da reconciliação nacional e porque não a melhoria do bem-estar do nosso povo! Agradeço em meu nome, no da minha família e no dos munícipes da Cidade de Quelimane a postura do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, que inter alia, adiou a visita a Noruega e Finlândia para participar nas cerimónias fúnebres do seu irmão Afonso Macacho Marceta Dhlakama.

O único senão, reside no facto de, na Cerimonia de Tomada de Posse, o Chefe de Estado ter feito um fabuloso discurso, mas na praxis seguir em sentido inverso, naquilo que ficou conhecido como a celebre arte de ‘piscar a esquerda, para virar a direita”! Esperamos que desta vez o Chefe de Estado não nos desiluda e, cumpra escrupulosamente as “regras de transito”, que cumpra no espirito e na letra as promessas que fez, não só nos entendimentos com Afonso Dhlakama, e as repetiu em largo som para quem o quis ouvir, no Largo dos CFM na Beira perante o corpo inerte de Afonso Dhlakama (Na nossa tradição africana um juramento feito perante um corpo Inerte e de cumprimento obrigatório) e perante milhares de pessoas, o Corpo Diplomático acreditado em Maputo, representado pelos Embaixadores da Suíça, EUA, Alemanha, Franca, Noruega, Portugal, Espanha, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte entre outros e, do Botswana, aparentemente o único pais africano representado (estarei errado? Se estiver as minhas sinceras e antecipadas desculpas aos representantes dos países africanos e não só, não mencionados).

E já agora, porque a aparente ausência do Corpo Diplomático Africano (excepção feita ao Botswana)? Os agradecimentos são extensivos a Comissão Governamental que tudo fez para que as cerimonias Oficiais tivessem decorrido sem sobressaltos, refiro-me aos Ministros da Justiça, Isaac Chande, Infrastruturas/Obras Publicas, Recursos Hídricos, Carlos Martinho Bonate e Celmira Pena da Silva, Vice-Ministra do Meio Ambiente, a Governadora da Província de Sofala, Helena Taipo, a Secretaria Permanente da Província de Sofala bem como ao Presidente do Conselho Municipal da Cidade da Beira Eng. Davis Simango e seus vereadores Albano Carige e Majoe que não mediram esforços.

 A População da Cidade da Beira em particular e da província de Sofala pela forma ordeira e carinhosa com que se fizeram presentes nas duas cerimonias, uma na cidade da Beira e outra em Mangunde, Chibabava.

A Igreja Católica, representada pelo Arcebispo da Beira Dom Cláudio de La Zuana, aos órgãos de informação públicos e privados pela forma profissional como cobriram o evento.

 Em especial as Rádios Chiveve, Moçambique (RM), a STV, a Miramar, ao Diário de Moçambique, O Pais e aos semanários Canal de Moçambique, Savana, Magazine Independente por terem permitido que milhares de moçambicanos, que não puderam estar presentes nos locais da cerimónia, pudessem acompanhar a despedida do Líder da Oposição.

Aos jornalistas Raiva, Jorge Marcos, Batalhão, Trigo, Fernando Lima, Naita Ussene, fica a nossa menção especial pelo esforço abnegado e profissionalismo. Vocês fizeram um serviço a pátria moçambicana e ao jornalismo! Uma palavra a nova liderança da Renamo: que saibam valorizar o sacrifício de Afonso Dhlakama que aceitou o seu destino com humildade e altruísmo sem paralelos na história recente de Moçambique. Dhlakama poderia ter tido assistência médica das melhores do mundo mas escolheu juntar-se a Deus na maior humildade possível, junto dos seus, não abandonando-os! Esta e a maior lição que Dhlakama nos deixa: Que as causas não tem preço! Lutou pelo que acreditava até a exaustão! Deu a sua vida para adubar a terra para que nasça uma planta robusta, a planta da paz, da democracia, justiça, reconciliação nacional, bem-estar e oportunidades iguais para todos! Perdoamos, mas não nos esqueceremos da causa primária da sua morte, a falta de cuidados medidos adequados e atempados, situação criada por aqueles que o obrigaram a refugiar-se nas matas, depois de o cercarem na sua residência no dia 09 de Outubro de 2018 (para que como almejavam, ” a natureza tomasse conta dele”) e atentaram contra sua vida por mais de uma vez na província de Manica! Juntos, Pedra a Pedra construiremos esse Moçambique com que Afonso Dhlakama sonhou e deu a sua vida! Ao pai, Regulo Mangunde, Irmãos Elias e Mabote e aos demais familiares, aos membros e simpatizantes da Renamo, aos membros das Comissões especializadas de Trabalho, a todos os amigos de Moçambique, aos embaixadores que tudo fizeram para que Moçambique re-encontrasse o caminho da paz, ao embaixador da Suíça, aos amantes da paz, democracia, reconciliação nacional, e justiça aqui ficam os nossos sentidos pêsames, pois perdeu-se o Embondeiro da Paz, Justiça e Democracia, perdeu-se um parceiro estratégico!

Rezamos pela sua alma, na esperança de que Deus, o Misericordioso lhe conceda o eterno descanso!

 Paz a sua alma!

Manuel de Araújo

Author: Redacção

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