A Frelimo, partido no poder em Moçambique, disse hoje que está disponível para se pronunciar em tribunal sobre alegações de que recebeu 10 milhões de dólares (nove milhões de euros) do dinheiro das chamadas dívidas ocultas. “A Frelimo, se for intimada para dar qualquer tipo de posicionamento, oportunamente, irá fazê-lo”, declarou o porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Caifadine Manasse.
Procuradores norte-americanos apresentaram há duas semanas num tribunal de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA), comprovativos de transferências bancárias de 10 milhões de dólares enviados em 2014 por uma subsidiária da empresa Privinvest para o comité central da Frelimo. A Privinvest era a fornecedora de embarcações e materiais para as empresas envolvidas no escândalo das dívidas ocultas de Moçambique.
Questionado sobre o assunto, Caifadine Manasse disse que o partido está a acompanhar o processo na justiça e que está disponível para esclarecimentos, caso seja intimado. “A Frelimo, em nenhum momento, foi chamada a esse julgamento, foi chamada a dar o seu posicionamento”, insistiu o porta-voz do partido no poder. Caifadine Manasse afirmou que, em qualquer julgamento, os envolvidos recorrem a “artimanhas” para conseguirem ser ilibados.
“Cada um traz as suas artimanhas para tentar provar que está ilibado”, disse o porta-voz. O caso das dívidas ocultas está relacionado com as garantias prestadas pelo anterior executivo moçambicano, durante os mandatos de Armando Guebuza, a favor de empréstimos de cerca de 2,2 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) para as empresas públicas Ematum, MAM e Proindicus.
A justiça moçambicana e a justiça norte-americana, que também investiga o caso, consideram que parte desse dinheiro foi usada para o pagamento de subornos a cidadãos moçambicanos e estrangeiros, num esquema de corrupção e enriquecimento ilícito. O principal arguido do processo nos EUA é Jean Boustani, vendedor de embarcações da empresa Privinvest. (Lusa)