Depois de quase uma década afastado das campanhas eleitorais, o ex-Presidente da República, Armando Guebuza, fez uma aparição ao declarar seu apoio à candidatura de Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo para as eleições gerais de outubro. Essa manifestação pública é a primeira em muitos anos e que pode sinalizar um possível realinhamento dentro do partido, especialmente considerando o distanciamento de Guebuza da política activa desde que deixou o cargo em 2015.
O vídeo em que Guebuza expressa seu apoio à Chapo foi divulgado recentemente e rapidamente ganhou repercussão. Nele, o ex-Presidente se mostra alinhado com as propostas de Chapo, especialmente no que se refere à valorização do distrito como pólo de desenvolvimento econômico e social, uma política que marcou profundamente o período em que Guebuza esteve à frente do país.
Durante sua fala, Guebuza foi enfático: “Caro camarada Daniel Chapo, nós reiteramos o nosso apoio à sua candidatura. Ela representa a esperança dos moçambicanos neste momento, que clamam por melhores condições de vida e paz, sobretudo em Cabo Delgado.” Portanto, destacando a confiança de Guebuza na capacidade de Chapo de lidar com os desafios actuais do país, especialmente nas áreas mais afectadas pela violência e pela pobreza.
Guebuza também expressou satisfação ao perceber que o manifesto de Chapo retoma uma das bandeiras de seu governo: a descentralização econômica e o fortalecimento dos distritos. “Alegra-nos saber que no seu manifesto eleitoral, o distrito é definido como um polo pendular do nosso desenvolvimento,” disse Guebuza. Esta abordagem remete diretamente à política dos “sete milhões”, uma iniciativa de seu governo que destinava recursos directamente aos distritos, com o objectivo de fomentar o surgimento de pequenos negócios e fortalecer as economias locais.
A reaproximação de Guebuza com a política activa e seu endosso à Chapo ocorrem em um contexto de tensões internas na Frelimo. Desde o fim de seu mandato, Guebuza tem sido autor de críticas e até mesmo de alegações de perseguição política, especialmente após os trágicos eventos envolvendo sua família. Em 2016, sua filha Valentina Guebuza foi assassinada pelo marido, e, em 2022, seu filho mais velho, Ndambi Guebuza, foi condenado a 12 anos de prisão pelo envolvimento no escândalo das “dívidas ocultas”.
O vídeo, além de ser um endosso a Daniel Chapo, também está a ser interpretado pela opinião pública, como uma tentativa de Guebuza reforçar o seu legado político, especialmente a política de descentralização que marcou o seu governo.
A aparição de Armando Guebuza na campanha de Daniel Chapo marca um momento importante na actual corrida eleitoral, trazendo de volta ao palco político uma figura que, até então, havia se mantido em segundo plano. (INTEGRITY)