Mazanga responde Mondlane e Bilal Sulay: “Dhlakama não deixou nenhum testamento político”

O membro e Vice-Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em representação da RENAMO, Fernando Mazanga concedeu uma entrevista na noite da última segunda-feira (01.04) à TV Sucesso, no programa “De Frente com o Povo”, onde falou sobre vários assuntos da sua vida, da actualidade política e as polémicas actuais em volta da crise interna na RENAMO.

Na entrevista, Mazanga respondeu à Venâncio Mondlane e ao filho do falecido líder da RENAMO, Bilal Sulay tendo contado a sua versão sobre as idas à Serra da Gorongosa, onde Venâncio Mondlane e Afonso Dhlakama privaram por longas horas. Falando, Mazanga disse “eu agradeço a todos que foram pedindo para falar sobre este assunto, mas primeiramente mostrei reservas, porque acreditava que os assuntos tratados as portas fechadas devem ficar como estão […].”

Portanto, Fernando Mazanga revelou que foi ele que recrutou quadros para o Partido a partir das indicações do Presidente Dhlakama. “Venâncio Mondlane negou primeiramente porque alegadamente o que o Partido estava a fazer feria os princípios religiosos da sua família”, explicou Mazanga.

Entretanto, um tempo depois acabou aceitando, tendo em conjunto com Mazanga viajado para Gorongosa. Na ocasião tinha medo que os tentáculos do falecido Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, os vissem juntos assim que aterrissaram no Aeroporto Internacional da Beira em direcção à Gorongosa.

Chegados a Gorongosa, Afonso Dhlakama disse que “eu tenho um desafio que é ganhar as eleições autárquicas na Cidade de Maputo”. Em resposta, Venâncio Mondlane aceitou o desafio e revelou que tinha um plano que precisaria de um milhão de USD para ganhar à Cidade de Maputo, tendo o falecido líder da RENAMO dado garantias de que não havia problema desde que lhe apresentasse o plano escrito.

De acordo com Mazanga elaborou-se o plano e voltaram para Gorongosa pela 2ª vez. Quando chegou ao local, o Presidente Dhlakama estava em sentido devido às cerimónias fúnebres da sua falecida filha que decorriam naquele exacto momento em Maputo. No local, Venâncio Mondlane realizou a oração e de seguida falaram do Projecto que tinham para a Cidade de Maputo.

“O Presidente Dhlakama nunca falou do seu substituto, até porque ele tinha uma Comissão Política restrita que faziam parte 15 membros apenas. Dhlakama nunca disse quem seria o seu substituto”, respondeu Mazanga às declarações de Bilal Sulay que em entrevista à DW África pediu que o antigo Porta-voz do Partido conta-se aos moçambicanos o que Dhlakama e Mondlane haviam combinado na Serra da Gorongosa, assim como à Venâncio Mondlane que numa entrevista concedida à STV falou da suposta existência de um “Testamento Político de Afonso Dhlakama”.

Fernando Mazanga revelou que quando começaram a circular as informações de que Mondlane pretendia candidatar-se a liderança do Partido ou fundar o seu Partido, ele sentou com Venâncio na sua residência e lhe disse que era cedo, que apesar da aceitação que tem na Cidade de Maputo, ainda precisava conhecer o País real mais um pouco.

“Tenho seis mensagens enviadas para Venâncio desde novembro […] a política tem que ser humanizada. O Venâncio Mondlane é um bom comunicador, uma palavra dele movimenta muitos seguidores […] muita gente me acusa no Partido de ser ‘Padrinho de Venâncio’, por eu ter o recrutado, mas eu respondo que estava a obedecer ordens superiores do Presidente Dhlakama, tal como foi com o Ivan, o Yassine, o Ubisse e a Ivone”, explicou Mazanga.

Acrescentando, Mazanga disse que não era contra que Venâncio Mondlane se candidatasse, mas que não era o momento.

Entretanto, avançou Mazanga que Venâncio Mondlane revelou-lhe que se sentia abandonado, porque alegadamente o acusavam de ser paraquedista, mas eu o defendi no Partido, afirmando que ele não era paraquedista, porque nós é que o convidamos para o Partido. “O Presidente Dhlakama é que trouxe Venâncio para a RENAMO, e disse que tínhamos que fazer de tudo para ter Venâncio como nosso candidato na Cidade de Maputo”, contou Mazanga.

“Nunca houve passagem de testemunho ou de algum testamento político de Dhlakama. Eu fui Porta-voz do Partido por 12 anos e falava com o Presidente todos os dias”, garantiu Mazanga.

Mazanga entende que na Zona Sul, a mensagem da RENAMO já está compreendida, e Venâncio Mondlane é uma esperança, mas ainda é cedo.

O Vice-Presidente da CNE diz que na RENAMO existe democracia interna, mas a mesma deve ser aperfeiçoada. Mazanga realçou que ficou feliz quando o Partido submeteu o caso relacionado com o escândalo dos resultados do processo eleitoral contra toda estrutura da CNE e STAE, porque entende que quem não deve não teme.

Contestou os insultos que têm sido direcionados a Ossufo Momade. Lamentou o facto de os membros abandonarem as contestações aos resultados eleitorais e passarem a seguir a actual confusão. Defendeu José Manteigas, afirmando que o exercício que ele fez, era um “balão de ensaio” para medir qual era a tendência do voto. (Omardine Omar)

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