O ministro moçambicano do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Daniel Nivagara, desceu a Marrere, nos arredores da cidade de Nampula, na última sexta-feira (15) para, no campus da Universidade Lúrio (UniLúrio), procurar entender os problemas que não fazem com que aquela jovem instituição do ensino superior alcance os seus propósitos.
A entrada para a reunião, estudantes e docentes eram vasculhados para que não entrassem com aparelhos celulares na sala de reuniões, mas debalde, porque há quem conseguiu ludibriar a segurança e entrou com ele.
Nem Nivagara, nem a reitoria da UniLúrio e muitos menos os docentes falaram a imprensa. Era tudo a portas fechadas, mas fontes do Ikweli que estiveram em todas as reuniões partilharam o essencial das discussões.
Segundo anotamos, o ministro não ficou nada feliz com o que ouviu dos estudantes, dos docentes e outros membros das unidades orgânicas e a justificação dada pela reitoria, também, não lhe agradou.
Os estudantes foram todos ouvidos e, aparentemente, do primeiro ao último ponto as preocupações foram reconhecidas e validadas pelo ministro.
“Em relação aos casos de assédio, o coordenador da Arquitetura reconhece ter recebido a notificação com um número [de telefone] anónimo e quando ligou para o número que fez a tal denúncia já não chamava e ele disse que não podia agir sem provas, mas garante que está a fazer seguimento”, conta uma das fontes que estava na reunião, a qual disse que no entender do ministro esta justificação “não foi convincente”.
O ponto mais preocupante tem a ver com o estágio dos médicos estagiários e outros estudantes. Segundo transcrições fornecidas pela nossa fonte, sobre o estágio no Hospital Geral de Marrere, “o ministro nem quer saber. O dr. François tentou defender a ideia, mas não teve sucesso”, pois “a abordagem de nível de atenção em saúde que apresentamos na reunião foi muito conclusivo para o ministro”.
Neste momento, os estágios estão suspensos, mas a reitoria prometeu ao ministro que a retoma será em meados de abril próximo e Nivagara quer que tal aconteça no intervalo de uma semana.
Os docentes andam, também, agastados, pois, para além de não ter meios financeiros e materiais para desenvolver pesquisas, a UniLúrio os deve 12 milhões de meticais, uma situação que o ministro Nivagara considerou ser crítica, pois, para ele “é quase impossível conseguir essa quantia em 1 semana, portanto enfatizou a necessidade de investir em negociações com os campos de estágio e com os outros docentes para se materializar” uma amortização em tempo favorável.
Igualmente, o ministro ordenou que até esta segunda-feira (18), todos os contratos estabelecidos com os médicos estagiários devem estar a sua disposição, pois precisar analisar um por um.
Estudantes não recuam
Mesmo com a presença e reunião com o ministro, os estudantes da UniLúrio ainda querem marchar. Entendem que não seja justo que lhes impeçam de exercer um direito, constitucionalmente consagrado.
Após duas horas de encontro a portas fechadas, com a presença de mais de 300 estudantes, com o ministro do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Daniel Nivagara, o presidente do Núcleo dos Estudantes, Xavier Felisberto, revelou a imprensa que a classe foi unânime em levar a cabo uma marcha caso não sejam resolvidos os problemas que os apoquentam desde a direcção do antigo reitor.
“Nós todos somos unânimes que, caso a situação não seja resolvida, pelo menos, até final deste mês, vamos marchar. Uma marcha pacífica e vamos formalizar toda essa questão. Em caso de haver uma resposta satisfatória, resposta satisfatória significa nós voltarmos ao campo de estágio e aqueles do curso pós-laboral que são cobrados e não tem aulas levarem aquele dinheiro de fevereiro e aplicarem nos meses subsequentes, porque não faz sentido serem cobrados valores e não ter aulas, eles pagam 11 meses pela regra, mas também devem ter os 11 meses de aulas”, disse Francisco.
Segundo Xavier, o ministro da ciência apenas afirmou que 99% das preocupações levantadas pelos estudantes tem solução a nível interno. Por isso, os mesmos esperam por uma solução breve.
“Nós como estudantes somos organizados e vamos esperar essa solução e depois disso vamos tomar uma posição como núcleo. Antes tivemos uma reunião com a faculdade de Ciências de Saúde e eles disseram que fariam de tudo para que este mês voltássemos ao estágio no Hospital Central de Nampula”, referiu o presidente do Núcleo dos Estudantes da UniLúrio.
(JORNAL IKWELI)