Ossufo Momade diz que os antigos mediadores nacionais foram “cúmplices no cerco à residência do falecido líder da RENAMO, Afonso Dhlakama”

O Presidente da RENAMO, Ossufo Momade concedeu ontem (27.03) em Maputo, mais uma entrevista em que abordou diversos temas relacionados com a sua liderança, as polêmicas em volta, o congresso, episódios chocantes relacionados com a falecido líder do Partido Afonso Dhlakama e o posicionamento face aos acontecimentos do País nos últimos anos.

Falando no Podcast do Centro de Integridade Pública (CIPCAST) moderado pelo ‘galáctico jornalista’ Raúl Massingue, Ossufo Momade culpabilizou os mediadores nacionais de serem cúmplices do cerco ocorrido em outubro de 2015 à residência do falecido líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, na Cidade da Beira, capital provincial de Sofala.

O episódio que na altura agitou o País e deixou os mediadores nacionais na altura presididos pelo Professor Lourenço do Rosário, foi lembrado na entrevista por Ossufo Momade como uma das evidências de quem sempre esteve perto do histórico líder daquela formação política.

Momade também disse que a nomeação de Eduardo Namburete à Embaixador de Moçambique na Argélia, não foi comunicada ao Partido pelo Governo, mas sim, o próprio nomeado é que se dirigiu ao Gabinete do Presidente e informou sobre a nomeação, tendo Momade dito que levaria a informação para outros órgãos do Partido. Ossufo Momade entende que o processo deveria ser feito de uma forma diferente, através de um ofício do Governo para aquela formação política como forma de evitar mal-entendidos.

Relativamente à sua continuação ou não na liderança da RENAMO, Ossufo Momade garantiu que iria concorrer novamente porque fez um bom trabalho desde altura que era coordenador tendo conseguido vencer oito autarquias e obtido bons resultados nas eleições que se seguiram, mas infelizmente foram roubados pelo regime.

“Tenho apoio ainda e irei mostrar no congresso. Irei calar os papagaios (…) o vocabulário derrotista não cabe no meu íntimo”, disse Ossufo Momade. Acrescentando, avançou que “entrei na RENAMO com 17 anos. Se vencer um jovem, nós iremos respeitá-lo, não somos contra os jovens, mas também se vencer alguém com a minha idade, também os jovens devem respeitar.”

“Aquele que sair vencedor do Congresso, será o candidato da RENAMO às eleições presidenciais”, garantiu Momade.

Entretanto, Ossufo Momade afirmou que “há alguns jovens que estão a ser manipulados em troca de dinheiro, para aparentar que a pessoa tem uma base de apoio.”

O Presidente da RENAMO realçou que os membros que se sentem que têm algum problema poderiam aproximar o Conselho Jurisdicional para a expor os mesmos. Momade nega que tenha sido um líder da oposição inoperante, tendo afirmado que os órgãos de comunicação social são testemunhas das suas aparições críticas contra o andamento destrutivo da governação actual.

Sobre a não existência de dinheiro para a realização do 7º Congresso da RENAMO, Ossufo Momade disse que gastaram muito dinheiro durante as eleições autárquicas para garantir que a caravana do “mar azul” marchasse, mas para a realização do Congresso à RENAMO conta com o apoio de alguns amigos e das contribuições dos seus membros. “Temos recursos, mas precisamos de mais”, afirmou Momade.

Entretanto, negou redondamente ter instruído alguém para dizer em sede do Tribunal que o partido não tem dinheiro. Não foi isso que eu orientei […] é uma pura mentira e manipulação, se estivesse aqui o Dr. Macuane, que foi o nosso mandatário no Tribunal, poderia confirmar o que eu disse […].”

Ossufo Momade também negou que o Partido receba fundos externos, mas garantiu que os quadros do Partido têm recebido formações de organizações internacionais dentro e fora do País. Momade reiterou que não tem nenhuma reclamação contra Venâncio Mondlane e entende que a vontade de um membro em ascender a um cargo maior dentro do Partido não deve ser vista como uma traição.

Contudo, entre vários pontos abordados na entrevista, Ossufo Momade revelou que no último congresso realizado na Serra da Gorongosa, um grupo de antigos guerrilheiros liderados pelo General Timosse Maquinze tentou-lhe assassinar, alegadamente porque não queriam que a presidência do Partido passasse para um indivíduo que não fosse da região centro ou concretamente da província de Sofala. (INTEGRITY)

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