Perigo da COVID-19 nos jovens: “Temos de perceber que a doença é nova e que não sabemos as consequências”

Filipe Froes explica que os números elevados de infetados não são um problema exclusivo da Área Metropolitana de Lisboa. O especialista também defende os testes a pessoas sem sintomas e a quem pretenda viajar de avião.

Filipe Froes, pneumologista e consultor da Direção-Geral da Saúde (DGS), está muito preocupado com “o aumento constante de novos casos” da COVID-19. O especialista registou ainda que Portugal está com uma média de 300 casos há uma semana e que, durante esse tempo, também houve números elevados no que diz respeito às pessoas internadas e àquelas internadas em cuidados intensivos.

Para o consultor da DGS, este aumento do número de infetados pode ser visto de três formas diferentes, revelou numa entrevista à “Antena 1”. A primeira é que este não é um problema da Área Metropolitana de Lisboa. “É um problema de todos. O vírus não tem fronteiras e rapidamente chega a outros locais”, explica. “Existem um sem número de atividades que dependem desta zona para trabalhar, e o aumento do número de casos em Lisboa pode levar a um aumento de casos nas restantes regiões do País”.

Filipe Froes esclarece também uma segunda conclusão, que se prende com “o número de indivíduos assintomáticos ou aqueles que têm uma forma muito ligeira da doença e que continuam a fazer as suas vidas normais”. Para o especialista, “essas pessoas continuam a disseminar o vírus”, por isso, mais do que andar à procura de indivíduos com sintomas suspeitos, é altura de se começarem a fazer rastreios a pessoas que não apresentam sintomas. “Devemos ser proativos e irmos mesmo à procura do vírus em indivíduos assintomáticos”.

A terceira conclusão prende-se com os grupos de faixas etárias mais novas, que continuam a pensar que a doença não lhes causa problemas graves, já que são jovens e saudáveis. Filipe Froes explica que isto não só não é verdade, como os jovens poderão estar a passar a doença às pessoas mais velhas e com problemas de saúde. Como terceira conclusão para o aumento dos novos casos, o especialista aponta a ideia de que a doença é ligeira e que não tem complicações, “sobretudo nos grupos etários mais jovens”. E acrescenta: “Posso falar na minha experiência hospitalar: os hospitais estão cheios de pessoas que também pensavam assim”.

“Temos de perceber que a doença é nova e que não sabemos as consequências. Alguns agora têm mais doença do que outros, mas todos nós a podemos ter. Todos estamos em risco. A diferença é que alguns estão em maior risco do que outros”, explica.

Outra ponto importante abordado por Filipe Froes na mesma entrevista foram as viagens de avião. O pneumologista explica que se o aumento de casos subir exponencialmente, existe a possibilidade de se voltar a proibir viagens. Assim, é essencial que se façam rastreios também nas pessoas que pretendem viajar. Seguindo este modelo, estas pessoas teriam de ter um resultado negativo nas 48 horas antes do voo, medida que o especialista acredita que seria benéfica para reduzir o medo da população nos aviões e nos aeroportos.

Esta notícia é do site: magg

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