A música moçambicana está de luto. Morreu anteontem o baixista Lote, um dos fundadores do conceituado agrupamento Ghorwane.
Lote perdeu a vida no Hospital Central de Maputo (HCM), aos 50 anos de idade, onde estava internado para tratamentos médicos.
Baixista, guitarra soul e baterista, já há um tempo que Lote andava doente, tendo saído da cidade da Beira, em Sofala, onde residia nos últimos, para Maputo onde viria receber mais cuidados médicos.
Lote foi um dos membros fundadores da banda Ghorwane mas, antes do lançamento oficial teve de abandonar o projecto. Para além do baixo, o músico era, igualmente, talhado para a guitarra soul, mas foi no primeiro instrumento que deixou marcas.
Nascido em Maputo, a música levou-o à cidade da Beira, Nampula e para o vizinho Zimbabwe, onde se instalou por alguns períodos da sua vida. Nos últimos anos, as suas aparições eram em casas de pasto, como Gil Vicente e o habitual Jam Session, que às quintas e sextas-feiras aconteciam na Associação dos Músicos, em Maputo.
Depois de em 1978 ter integrado a mesma banda criada no Liceu Polana, Carlos Gove baixista e líder da banda Ghorwane, considerou que a morte do seu colega foi uma grande perda, não só para a música, mas para o país. O baixista radicado na Espanha, Childo Tomás, era outro integrante.
Carlos Gove recorda que já nessa altura, Lote mostrava-se um músico talentoso e cantava em várias línguas, congregando desta feita diferentes culturas nas suas interpretações.
“Sei que já vinha doente há algum tempo”, disse e descreveu que “era visível que estava debilitado ao cruzar-se com ele”. E lamentou não ter tido tempo para se despedir de Lote, com quem iniciou a carreira.
Roberto Chitsondzo, por sua vez, conheceu-o em 1983, pouco antes de ser convidado a integrar o grupo, que mais tarde ficou conhecido como “Os Bons rapazes”. Depois, recorda o vocalista principal da banda, Lote colaborou no álbum “Vana va ndota”, para além de uma saída para a vizinha África do Sul, onde esteve num festival.
A memória que tem do seu amigo, como referiu, é de “um indivíduo alegre, prestativo e um músico excelente”.
A notícia da morte foi lhe dada pelo irmão mais velho de Lote, depois de, há uma semana, ter-lhe informado que o baixista se encontrava incomodado.
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