Chegou ao poder em 2012, através da realização das eleições intercalares quando Pio Augusto Matos, ex-edil de Quelimane renunciou ao cargo que ocupava a sensivelmente 12 anos por motivos de “perturbação e incapacidade” de gerir a máquina administrativa municipal.
Manuel de Araújo hoje é uma figura incontornável na cena política nacional e internacional, um dos membros mais influentes do MDM, pese embora o actual presidente da formação, Daviz Simango conteste este facto, foi reconduzido ao cargo de presidente em 2013 por voto livre de sufrágio universal, perpendicular e incisivo nos seus discursos já em várias ocasiões criticou a liderança do partido pelo qual chegou ao poder acusando-a de fomentar carência interna de democracia plena.
Hoje vê-se em maus lençóis pois uma ala radical constituída por membros seniores do Movimento Democrático de Moçambique ao nível da província da Zambézia, esta empenhada numa campanha com o objectivo de afasta-lo da possibilidade de inscrever-se como candidato as quintas eleições autárquicas, agendadas para Outubro de 2018, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Os membros em alusão encontram-se a trabalhar com as bases, empresários e outros sectores de cunho importante em auscultação de possíveis nomes para candidatos pelo MDM com um gabarito de ou maior do actual edil, Manuel de Araújo e que podem enfrentar as máquinas da Frelimo e Renamo e consagrar-se vencedor nos próximos pleitos eleitorais apurou o Jornal Txopela.
Os pecados de Manuel de Araújo
Para além das aparições públicas de contestação com a forma como o partido é gerido, pesam na lista questões como a ingerência nos assuntos de gestão municipal que o autarca jura peremptoriamente não permitir à liderança do partido ou qualquer outra força de o fazer, como exemplo disso fazem parte do seu elenco administrativo municipal indivíduos de varias crenças politicas com destaque para a Frelimo e Renamo e que ocupam cargos de relevo, desde vereadores, directores e chefes dos postos mesmo sem a anuência do partido.
Manuel de Araújo é igualmente o único autarca pertencente ao MDM que não faz parte de um dos órgãos mais importantes daquela formação, a Comissão Politica Nacional, foi isolado referem fontes ouvidas pelo Jornal Txopela pela “frontalidade e desrespeito” com os seus superiores hierárquicos, vezes sem conta Araújo veio à público denunciar ao que chancelou de “falta de democracia no partido”.
Em uma entrevista concedida pelo presidente do MDM, Daviz Simango ao Jornal SAVANA desqualifica que Araújo seja um membro influente no MDM, segundo suas próprias palavras “ como presidente do MDM, todos os quadros do partido são influentes. Aliás, até podia abrir uma excepção para as pessoas que fundaram o MDM. Sim, esses são quadros influentes porque, sem a ideia e o esforço delas, o MDM não existiria. Manuel de Araújo não é fundador do MDM. Eu acho que é preciso olhar para os quadros fundadores, aqueles que tomaram a decisão de criar o partido e influenciaram no surgimento do MDM, a esses podemos apelidar de quadros influentes. Porém, tal como qualquer organização, surgiram outros quadros com mais visibilidade que os outros” e continua “Que fique claro que o MDM não é constituído apenas por Araújo, o MDM não é o município de Quelimane…” — Palavras de Daviz Simango.
Quelimane e administração Araújo
Em Quelimane para além do crónico problema de lixo resolvido, questões como a edificação de novas infra-estruturas sociais e económicas nas unidades residenciais mais pobres como é o caso de Icidua vão ganhando um ímpeto notável, o conselho municipal local tem buscado melhorar as vias de acesso secundárias e terciárias que fazem ligação inter-bairros melhorando a transitablidade e as relações económicas. A Cidade vive hoje em tempos de recuperação económica social e cultural.
O esforço de reabilitação do património histórico e também dos bairros municipais é bem evidente e tem vindo a transformar a cidade, pese embora o esforço geracional que ainda necessita. A instalação de empresas da área tecnológica e a dinâmica de Quelimane em particular da edilidade, tem permitido que a autarquia diversifique a sua economia e veja o futuro com esperança. Esta dinâmica tem assente numa politica de criação e promoção de eventos e na promoção da marca municipal internacionalmente.
O turismo constitui, por isso, hoje, um factor de forte desenvolvimento económico e criação de empresas, que o Conselho Municipal de Quelimane tem procurado compatibilizar com as tradições da cidade e da sua gente. Conquanto há claramente zonas de penumbra na administração do autarca Manuel de Araújo, o MDM, Frelimo, membros da sociedade civil acusam-no de ser o autarca mais ausente de Moçambique. Manuel de Araújo chega a estar um mês no estrangeiro a tratar assuntos cuja agenda os membros do conselho (vereadores), membros da assembleia municipal desconhecem, por isso Rijone Bombino, chefe da bancada da Frelimo tratou de clarificar que “são viagens de interesses pessoais” advogando que o edil não está necessariamente nessas jornadas a tratar assuntos atinentes ao Conselho Municipal.
Um outro facto é a existência dentro da máquina administrativa municipal de pessoas com índole duvidosa e que usando das suas funções ou cargos, extorquem, ameaçam e solicitam suborno para a tramitação de processos de construção e outra natureza de serviços municipais.
Araújo disponível para mais um mandato…se o povo quiser
Falando à imprensa em diversas ocasiões, questionado se aventa a possibilidade de recandidatar-se a mais um mandato como presidente da autarquia de Quelimane, Manuel de Araújo refere que não depende da sua vontade mas sim dos munícipes de Quelimane que avaliando a sua prestação nos aproximadamente 07 anos de governação deverão dizer se é com ele que desejam continuar a trilhar os próximos passos.
Segundo suas próprias palavras está disponível para mais um mandato porque acredita que o trabalho de recuperação de Quelimane ainda não teve o seu fim, advoga que se vier outro presidente neste momento, há sérios riscos de diluir todo o seu esforço conquanto clarifica que se a vontade popular ditar para que não volte a concorrer irá obedecer sem resmungar.
Manuel de Araújo diz que não vê motivos para não concorrer pelo MDM, conquanto alerta que já recebeu convites de outras forças políticas e recusa expor tais organizações que o convidaram para militar nas suas fileiras.
Da possibilidade de o MDM descartar-lhe como candidato, ao Jornal SAVANA de 08 de Setembro de 2017 o autarca respondeu nos seguintes termos: “Desobedecer a vontade dos munícipes seria um grande erro do partido, porque isso seria um sinal de que os órgãos do partido desprezam as bases, não escutam a base. Qualquer órgão que não escuta a vontade da base é um órgão ilegítimo e não deve ser obedecido”
TXOPELA – 11.10.2017