A Folha de Maputo publicou uma foto de Danish Satar ajoelhado aparentemente a ser ameaçado de morte pelos supostos raptores, na qual os internautas consideraram, através de comentários, ser um teatro para manipular a opinião pública.
Dos cerca de 1000 comentários que aparecem em links que foram partilhados nas redes sociais em que a Folha tem o controlo, quase todos desqualificam o rapto e consideram que Danish Satar está a fazer teatro para manipular o público e, desta forma, despistar a justiça.
Em contrapartida, o seu tio Nini Satar, que se encontra em liberdade condicional no mais mediático caso do assassinato do jornalista Carlos Cardoso, reagiu a partir do Facebook, que os comentários apresentados nas redes sociais tem uma base de argumentos “fracos, débeis, prenhes de uma ignorância de bradar aos céus”, conclui Nini.
Eis parte da publicação de Nini Satar:
Os comentários de que estou a fazer menção são de pessoas burras, ignorantes, sem nenhuma preparação para debater um assunto deste gabarito. Ademais, a nossa sociedade, a moçambicana, peca por acomodar este tipo de gentalha sem norte, que antes de cheirar os seus próprios sovacos, sabe que os do vizinho é que cheiram mal. Isto é ridículo.
Como é que uma pessoa sã pode dizer que Danish encenou o seu sequestro para fugir do processo? Que processo, qual carapuça!!! Danish não tem processo nenhum. E é exactamente por isso que foi solto. Não tinha nenhuma acusação. Vamos deixar de ser medíocres . Não podemos comentar só por comentar. Tem que se ter um mínimo de preparação para debater um assunto.
Alguém, um comentador, dizia que o físico do que segura a faca não parece de um sequestrador. Outro dizia que para um indivíduo sequestrado Danish estava fresco demais. Eu, Nini Satar, não conheço o físico de um sequestrador. Mas tenho a mínima ideia que alguém basta nos apontar uma arma, não precisa de ser corpulento para nos assustarmos. E quanto ao aspecto fresco de Danish, creio eu que não teria sabido encenar o seu sequestro e se esquecer de se sujar ou jogar-se na lama para que a foto fosse autêntica. Isto mesmo uma criança de três anos era capaz de pensar.
O essencial deste meu post é que as pessoas devem perceber que as suas liberdades terminam onde começam as dos outros. Não podem comentar para ofender. Esses comentadores medíocres têm ideia de como é que estamos nós, a família de Danish, com o seu sequestro? Têm ideia da nossa dor, do nosso desespero, da nossa inquietação e indignação?
Quer dizer, para esses comentadores ignorantes a dor só vai ter sentido no dia que algo de mal lhes acontecer? Que pena! O mundo de hoje não devia ter lugar para pessoas que pensam assim. O ser humano tem maturidade e inteligência suficientes para saber solidarizar-se com o seu semelhante. Se a dor do outro não conta, o que conta? Vivemos para quê? Só para as nossas famílias?