Fundo reitera pedido de esclarecimentos das dívidas e medidas para a criação de um bom ambiente de negócios
O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu às autoridades moçambicanas que fortaleçam o clima de negócios e a boa governança com vista a impulsionar o investimento privado e a criação de empregos, de modo a reduzir a pobreza e a desigualdade.
Num comunicado divulgado na quarta-feira, 7, em Washington depois de uma reunião da direcção do FMI, os responsáveis reiteram que”o esclarecimento pleno do uso dos recursos dos empréstimos não revelados contraídos pelas três empresas públicas” envolvidas no caso conhecido como dívidas ocultas “será essencial para restabelecer a confiança”.
O FMI alertou ainda que a “reestruturação das empresas estatais em dificuldades será fundamental para melhorar a eficiência e reduzir as perdas financeiras“, mas acrescentou que,” sem acções de políticas adicionais, o crescimento real do PIB deverá decrescer ainda mais ao longo do tempo”.
A organização endureceu a linguagem sobre a corrupção e lembrou que, apesar de Moçambique “ter um enquadramento legal anticorrupção, a implementação ainda deixa muito a desejar”, e lembrou que a aplicação dessas leis é fundamental para combater a corrupção.
Entretanto, os responsáveis do FMI congratularam-se com a aprovação do decreto que estabelece um quadro para a contratação de dívida pública e a emissão de garantias.
Os números
Na análise à situação da economia, o Fundo escreve que crescimento desacelerou em 2016 para 3,8% (de 6,6% em 2015) e os dados mais recentes mostram que a economia cresceu 3,7% em 2017, devido à recuperação da actividade agrícola e mineira, nomeadamente o aumento da produção de carvão.
“Uma forte orientação monetária, juntamente com a apreciação da taxa de câmbio, levou a uma queda acentuada da inflação para 6,3% (ano a ano) em Janeiro de 2018, desde um pico de 26% em Novembro de 2016”.
No entanto, continua o comunicado, “a dívida está ameaçada porque o estoque da dívida do sector público em relação ao PIB atingiu 128,3% no final de 2016, com vários pagamentos adiados, inclusive no Eurobond de Moçambique“.