O Partido Frelimo vive momentos frenéticos e atípicos. Em causa está a luta pela sucessão do poder. Ontem (02.05) foi graças aos órgãos de comunicação social que veio à tona que os presidentes honorários Armando Emílio Guebuza e Joaquim Alberto Chissano não estavam convidados ou não haviam recebido os respectivos convites para participar na derradeira sessão do Comité Central extraordinário que de qualquer das formas irá parir um candidato.
A informação rapidamente viralizou, tendo obrigado o Porta-voz da Comissão Política da Frelimo, Francisco Mucanheia a desmentir a mesma. Entretanto, de fontes devidamente posicionadas “Integrity” apurou que de facto, quando os membros da Comissão Política pertencentes as alas Guebuza e Chissano sentiram que o plano da actual liderança era excluir aquelas duas figuras icónicas da tão esperada reunião, eis que vazaram a informação para imprensa com o intuito de pressionar o Partido a permitir a participação dos dois importantes membros fundadores daquela formação política, o que acabou por acontecer.
Segundo as fontes, o problema surgiu quando o Presidente Nyusi sugeriu os seus três candidatos durante a sessão da CP, nomeadamente Roque Samuel Silva, Celso Correia e Amélia Muendane, mas os nomes foram reprovados pela maioria da Comissão Política. A situação acabou instalando um mau ambiente na sala e os nervos subiram na psique do actual timoneiro do País e do Partido, que uma semana antes teve uma forte discussão com o General Alberto Chipande, em Pemba, onde conforme nos revelaram Filipe Nyusi acabou perdendo respeito o seu “padrinho para ascensão ao poder.”
Contra todas as narrativas, o facto é que a Imprensa moçambicana foi crucial para que o “bebê não fosse lançado junto com a água suja”, como diria o filósofo alemão Jürgen Habermas. O papel da Imprensa em Moçambique tem sido crucial, mas infelizmente algumas figuras ligadas ao poder não gostam quando está faz o seu trabalho. É uma situação que se assiste por exemplo em Cabo Delgado, quando órgãos de comunicação social como a Zumbo FM Notícias reportam sobre “a tragédia que se vive na província”, políticos locais atacam aquela Rádio e outros órgãos de comunicação social, simplesmente por estar do lado da verdade.
Foi através dos órgãos de comunicação social que até hoje cidades como Pemba e Montepuez ainda não foram atacados pelos terroristas, uma vez que sempre que a solução militar falha, os membros das FDS presentes no TON recorrem aos órgãos de comunicação social para alertar o povo sobre a possibilidade de um ataque.
Contudo, num dia como hoje em que se celebra o dia 03 de maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, eis que enaltecer estes importantes quadros moçambicanos que no meio de tantas adversidades fazem o seu trabalho abnegadamente. Talvez, o próximo timoneiro do País seja mais liberal com a Imprensa e não trate os jornalistas como inimigos conforme assistimos nos últimos anos em Moçambique. (Omardine Omar)