Não foi por ter circulado nos grupos de WhatsApp antes da sua realização, como aconteceu com os exames de Matemática da 10ª Classe e de Filosofia da 12ª Classe, na 1ª Época e muito menos por ter havido os habituais “ways” de venda de resposta. Mas, sim, porque simplesmente o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) “decidiu” entregar enunciados com respostas correctas já assinaladas, tal como acontece com alguns boletins de voto, durante os períodos eleitorais.
Esta quarta-feira, 11 de Dezembro, a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Conceita Sortane, mandou anular o exame de História da 12ª Classe, da 2ª Época, realizada na passada terça-feira, 10 de Dezembro, por se considerar ter havido irregularidades.
Num despacho com nº 537/GM/MINEDH/19, de 11 de Dezembro, a titular do pelouro da educação remarcou o exame para esta sexta-feira, 13 de Dezembro, com início previsto para às 15 horas. A decisão não afecta as Cidades de Maputo, Matola e Xai-Xai, cujas variantes não registaram nenhuma irregularidade.
“Carta” teve acesso ao exame anulado e constatou que a irregularidade foi cometida pelo próprio MINEDH. O enunciado do referido exame chegou às mãos dos examinandos com respostas correctas já assinaladas, tendo sido motivo de sátira nas redes sociais, com alguns internautas a dizerem que “cansado das reprovações em História, o Ministério enviou exame com respostas sinalizadas! Kkkkk… coisas do meu país”.
“Carta” soube que o exame não foi realizado, pois, procedeu-se com a recolha do enunciado logo depois da deteção da referida irregularidade. Uma fonte do MINEDH explicou ao nosso jornal que tudo deveu-se a um erro no processo de produção, pois, “quando os examinadores elaboram a prova devem indicar a respectiva resposta para ser submetida à análise e foi durante esse processo, em que se cometeu esse erro”.
“O sistema de produção do exame é muito fechado, de modo a que não haja fuga de informação. Trata-se de uma falha que nos escapou no processo de produção e que passou para uma fase não adequada, que é o da impressão, empacotamento e distribuição. Nesta fase, ninguém mais tem acesso ao exame”, explicou a fonte.
Refira-se que este é o primeiro exame a ser anulado este ano, devido a irregularidades, apesar de ter havido denúncias de circulação de exames finais da 10ª e 12ª Classe, da 1ª Época. Aliás, “Carta” teve acesso a dois exames realizados na 1ª Época que circularam nas redes sociais, antes da sua abertura oficial. Trata-se dos exames de Matemática da 10ª Classe e de Filosofia da 12ª Classe.
Na altura, o Director do Conselho Nacional de Exames, Certificação e Equivalência, Feliciano Mahalambe, garantiu à “Carta” que a anulação dos exames não tinha nada a ver com a fraude (venda de exames), “mas sim com a afluência grave em relação aos resultados”. Ou seja, o exame só seria anulado caso houvesse maior número de alunos com notas altas.
Com os alunos praticamente já de férias, Conceita Sortane orientou as direcções provinciais da Educação e Desenvolvimento Humano e as respectivas escolas a criarem condições para a realização do exame. (A.M.)
CARTA DE MOÇAMBIQUE