Em Moçambique, alguns analistas dizem que o à-vontade com que cidadãos chineses delapidam recursos florestais, faunísticos e pesqueiros é sinal de que eles não actuam sozinhos e têm a protecção de certos responsáveis do Estado.
Vários têm sido os casos reportados pela comunicação social de cidadãos chineses envolvidos na exploração ilegal de recursos florestais, o mais mediático dos quais foi a recente apreensão, no porto de Nacala, de 1.300 contentores de madeira em toro, prestes a ser exportada para a China.
Dados oficiais indicam que, em certos anos, a China chegou a registar cerca de 99 por cento do total da exportação local da madeira de Moçambique.
Cerca de 93 por cento da madeira exportada para a China foi cortada ilegalmente, o que para alguns ambientalistas, faz com que o sector florestal moçambicano se transforme numa insustentável cena de crime.
Vários são também os casos de chineses envolvidos no tráfico de marfim e de cornos de rinoceronte, sendo que em vários parques e reservas moçambicanos estas espécies correm o risco de extinção por causa desse tráfico internacional.
Observadores dizem que depois do saque nos sectores florestal e de fauna bravia, o “take away chinês” atingiu agora os mares moçambicanos, sendo o caranguejo o produto mais procurado neste momento.
Há 15 dias, cerca de 500 quilogramas de caranguejo vivo, prestes a serem exportados para a China, foram apreendidos pelas autoridades na província de Inhambane, para além de outros 600 quilogramas do mesmo produto, apreendidos no distrito de Mocubela, na Zambézia, apenas para citar alguns exemplos.
O político moçambicano, Raúl Domingos, afirma que “se os chineses e outros asiáticos têm esta capacidade para fazer este contrabando, é porque, internamente, há pessoas que facilitam isso”, explicando que “as pessoas que são detidas, é porque tem havido alguma desconexão”.
“Nós sabemos que há tempos houve acusações sobre altos dirigentes do Governo envolvidos no contrabando da madeira, mas o assunto acabou ficando abafado e já não se ouve falar mais disso”, destacou o líder do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento-PDD.
Por seu turno, o analista Sande Carmona, que é também porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique considera que os chineses “têm algum apadrinhamento ao nível do Governo central. Portanto, alguém ao nível do Governo central abriu caminho para os chineses poderem fazer o seu trabalho”.
Para o Governo, o “negócio chinês” é facilitado pela corrupção e deficiente fiscalização.
VOA