Tudo começa com dois artigos de opinião e interpretação jurídica que Teodoro Waty e Teodato Hunguana escreveram, em torno do comunicado da Comissão Nacional de Eleições (CNE), divulgado a 21 de Agosto, que afastava as candidaturas de Venâncio Mondlane como cabeça-de-lista da Renamo e a AJUDEM, que tem como cabeça-de-lista, Samora Machel Júnior, da corrida eleitoral. Os dois defendiam que houve exageros de interpretação da lei nas decisões da CNE e que em bom rigor, as duas candidaturas deveriam ter outro destino que não fosse um afastamento.
O analista Julião Cumbane reagiu a essas opiniões também através de um artigo de opinião nas redes sociais, onde defendia que as opiniões de Hunguana e Waty são parte de uma campanha de conspiração para tomar o controlo do Estado. “Eis a razão porquê os dois (Teodato e Teodoro) não ficarão descansados enquanto não conseguirem colocar Samora Machel Jr. (Samito) como edil da Cidade de Maputo, para daí, possivelmente, o fazerem Presidente da República de Moçambique, para serem eles e a Graça Machel a ditar quem tomará o controlo dos negócios do Estado moçambicano”, refere a opinião de Cumbane, avançando mesmo que “se insistir demais, qual parece estar a fazer, o Samito vai ser sacrificado penosa e precocemente, qual ocorreu com seu pai”.
Julião Cumbane, professor universitário, refere que “a Frelimo nunca admitiu que dissentes ou pseudo-militantes das suas hostes ponham em causa as conquistas da revolução e do povo… Não será agora que vai admitir tais actos sem consequências traumáticas para algumas famílias, incluindo a família Machel”.
Com base nestas ameaças, Teodato Hunguana e Teodoro Waty pedem intervenção da Procuradora-Geral da República. “Este texto subscrito elabora sobre uma alegada conspiração destinada à disputa do poder no Partido Frelimo e nas eleições presidenciais de 2019, de que a candidatura de Samora Moisés Machel Júnior seria instrumental. Nesse contexto, tanto o meu texto de interpretação como a opinião jurídica do Prof. Dr. Teodoro Andrade Wate, são, de forma grosseira, insidiosa e malévola, qualificadas por João Julião Cumbane, como parte da alegada conspiração. Estabelecida essa conexão como causa ou pretexto, este senhor permitiu-se proferir ameaças à integridade física e de morte, a mim e ao ilustre Professor, além do principal visado: Samora Moisés Machel Júnior e respectiva família”, diz Teodoro Waty, no documento que submeteu ao gabinete de Beatriz Buchili na quinta-feira, acrescentando que “porque, tanto a alegada conspiração bem como a suposta participação na mesma pelos dois autores das opiniões jurídicas em causa, constituem tentativas de assassinato de carácter, que no nosso país, e em outras circunstâncias idênticas, constituíram autênticos actos preparatórios da perpetração de hediondos homicídios (Mbuzine e Prof. Gilles Cistac), tenho a honra de requerer a V. Excia que, no âmbito do seu múnus constitucional e legal, na prevenção e repressão da criminalidade, tome as diligências que julgar mais convenientes ao caso”.
O País