Foi durante o programa televisivo “Dialogo na TUA TV”, transmitido no passado dia 26 de setembro e apresentado por José Massango, um conhecido comunicador e teólogo que tem promovido debates com temáticas religiosas, políticas e sociais que um dos seus convidados que responde pelo nome de Alex Bento Jorge, auto-intitulado Servo de Deus e discípulo de Jesus Cristo, ou simplesmente “Alex o Libertador”, pertencente a Congregação Cristã ‘Templo de Deus’ revelou que no passado dia 18 de agosto dirigiu-se às instalações do Ministério da Defesa Nacional (MDN) com o objectivo de mostrar a sua disponibilidade em apresentar a sua solução para acabar com “a guerra em Cabo Delgado”, mas infelizmente viria a ser expulso pelo pessoal da recepção do escritório do Ministro Cristóvão Chume.
Alex Bento disse de ‘viva voz e em directo’ que “o meu ponto prévio é apenas esta pequena tristeza que eu tenho com os homens da recepção do Ministério da Defesa. Eu estava lá no dia 18 do mês passado para pedir para falar com o Ministro da Defesa sobre o assunto de Cabo Delgado e os oficiais que estavam lá e toda gente da recepção apenas me expulsaram. Pegaram-me e me expulsaram. Esta é a minha tristeza. Este é meu ponto prévio”.
Acrescentando, Alex Bento afirmou que “eu estava lá para ajudar e alertar sobre o que se deve fazer para acabar com a guerra em Cabo Delgado, mas simplesmente eles não me conhecem e nunca me viram, entretanto nem quiseram ouvir o que eu queria explicar e daí acabaram expulsando-me, mas se fosse alguém que estivesse para doar alguma coisa para a mesma guerra, ou seja, a logística, eles iriam receber, no entanto, eu dirigia-me para aquele local com uma solução, facto é que, se me recebessem naquele dia, acreditem que já não haveria guerra em Cabo Delgado (…).”
“Aquela guerra que está em Cabo Delgado não vai terminar sem que eu vá para lá, mas da parte de Deus. Se eu for para lá, sem isso, podem chamar qualquer tipo de exército, seja russo, americano, italiano, alemão, a guerra em Cabo Delgado não vai terminar, porque quando se trata de assuntos da nação, sou eu que fui indicado por Deus para tal. Nenhum militar de fora vai fazer com que a guerra pare. Só de eu pisar (como Deus disse para Josué, onde fores a colocar a planta do seu pé é vosso […]), logo todos os assuntos da nação que tem a ver com a nação e em todos os ministérios quem vai resolver serei eu, por isso que sou o Libertador”, disse Alex Bento Neves, em entrevista na Tua TV.
Prosseguindo, o aludido profeta mostrou disponibilidade em viajar para Cabo Delgado, onde diz que irá acabar com o terrorismo, uma vez que alegadamente em 2021 enquanto caminhava em direcção ao seu local de trabalho recebeu uma unção divina que dizia que a partir daquele momento, ele era a pessoa escolhida para acabar com questões de guerra e outros problemas complexos de Moçambique. “Não há nenhum apóstolo ou pastor que pode resolver assuntos da Nação através da mão de Deus e não espirituais que não seja eu”, garantiu Alex Bento Neves.
“Aquela guerra que está em Cabo Delgado, se eu não for para lá, lhe garanto que nunca vai terminar, por isso, os militares e oficiais que vem de Cabo Delgado falem com os vossos chefes para receberem-me (…) só de pisar em Cabo Delgado a guerra acabou. Deus disponibilizou milhares de anjos que andam comigo e se eu chego lá terei uma instrução para acabar com o terrorismo em Cabo Delgado”, afirmou.
Entretanto, após o programa televisivo, uma delegação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) convocou o apresentador do programa para o Estado-Maior, onde demonstraram total abertura para que o “profeta o Libertador” e sua equipa de mídia querendo possam seguir para Cabo Delgado o mais rápido possível, onde serão dados todas as condições para resolver o problema que já perdura há sete anos, tendo já produzido um saldo de mortes de mais de 2 mil pessoas e acima de um milhão de deslocados internos, e prejuízos enormes ao Estado, as famílias, ONG’s e as empresas nacionais e internacionais.
Segundo fontes militares que falaram em exclusivo ao “Integrity”, o Exército moçambicano e seus parceiros são os mais interessados que o terrorismo acabe, razão pela qual, todos os dias em meio a diversas intempéries e perigos, diversos filhos desta pátria oriundos de todos os cantos do País lutam para que a paz e a segurança voltem em definitivo. Ademais, explicam que as FADM não são de um Governo, mas sim do Estado, razão pela qual, o seu objectivo número um é defender Moçambique enquanto Estado de todas as ameaças bélicas e não só.
De acordo com as fontes militares que só aceitaram falar em off the record ao Integrity Magazine, caso o profeta o Libertador aceite, a viagem está marcada para o dia 03 de outubro (quinta-feira), onde será levado para qualquer local e se ele quiser cumprir a “unção ou missão divina” que diz ter, principalmente num momento em que será recordada a fatídica madrugada de 04 a 05 de outubro de 2017 como o momento do início deste mal que paralisou economicamente Moçambique e social e culturalmente Cabo Delgado, a “ajuda é bem-vinda” .
Conforme afiançam as fontes, o “profeta o Libertador” será protegido devidamente e tratado sem qualquer perigo para que possa fazer o seu trabalho. “Tudo no espírito patriótico e em defesa do povo e da nação moçambicana, estamos disponíveis e com as todas condições logísticas criadas para levar-lhe a Cabo Delgado, onde poderá seguir viagem para Quiterajo, Mucojo, Xitaxi e outros locais, onde pode fazer aquilo que ele disse no programa. Somos patriotas. Deixamos famílias em nossas casas, filhos e esposas, porque estamos aqui dia e noite a defender a nossa pátria, e quando acompanhamos situações de género, ficamos bastante tristes e desvalorizados. Esperamos que ele aceite o convite e venha libertar Cabo Delgado do terrorismo”, respondeu a nossa fonte sénior nas FADM.
De referir que desde 2021 que as FADM, do Ruanda e outros parceiros estratégicos vêm realizando operações militares consecutivas que já levaram os terroristas a perderem vários cabecilhas do grupo e ter o grupo desorganizado, depois terem chegado a ocupar localidades e vilas importantes como Mocímboa da Praia, Muidumbe, Quissanga, Palma, Macomia, Nangade, Chiúre e outras, mas devido as “incansáveis ofensivas desde julho de 2021 até hoje, o grupo terrorista encontra-se sem local seguro por estar e planificar ataques. E hoje surge uma suposta solução religiosa! (Omardine Omar)