Estado de Emergência Não Será Prorrogado. Medidas de Abertura Progressiva Serão Apresentadas nos Próximos Dias

Numa muito aguardada comunicação ao país, o Presidente Filipe Nyusi dirigiu-se à Nação a partir de Tete para anunciar que o Estado de Emergência não irá ser prorrogado e que será divulgado, nos próximos dias, um conjunto de medidas sectoriais de abertura progressiva da sociedade e da economia.

Até lá, “mantêm-se” as restrições em vigor, assinalou. Quase 120 dias depois de, a 1 de Abril se ter iniciado o Estado de Emergência, prorrogado e ratificado pela Assembleia da República por três períodos de 30 dias, o Presidente Nyusi começou por resumir a história do coronavírus desde que, em Dezembro, foi descoberto na China, recordando a forma como se propagou para outras geografias e de como, em Março, a OMS declarava o Covid-19 como “pandemia”, situação à qual, sublinhou, “Governo moçambicano reagiu à altura”.

“No dia 25 de Março, o Conselho de Ministros criou a Comissão Técnico-Científica, um órgão de assessoria técnica ao Governo no âmbito da evolução da pandemia.

Declarámos, na semana seguinte, o Estado de Emergência por 30 dias. Então, era apenas uma dezena de casos. Evoluiu depois para 76, e o número cresceu para 244 há dois meses. Há um mês, chegámos aos 883. Actualmente temos 1 748 casos, tendo duplicado o número de infecções no último mês”, enumerou.

A seguir, historiou o que se foi alterando nas últimas semanas, falando do “alastramento da pandemia para um crescente número” de municípios. Mas apesar dessa observação, o Chefe-de-Estado optou por um elogio à população dizendo que “a colaboração de todos os cidadãos atrasou a velocidade da infecção”. E continuou, dizendo que tal situação “conseguiu reduzir a pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde e salvar vidas, o que se deveu também às medidas impostas pelo Executivo”. No entanto, advertiu para os perigos que ainda estão pela frente: “estaremos longe do pico e não podemos ignorar a perigosidade da situação. Não podemos vacilar no cumprimento de medidas e de comportamentos responsáveis”, a que chamou de “escudo” contra o covid-19.

Perdas humanas e económicas

 “As perdas são grandes, mas têm-se feito sentir de forma gravosa também nas economias”, não deixando de assinalar que por isso mesmo “o país apenas tomou medidas até ao nível três”, uma estratégia que “trouxe benefícios sociais mas também ao nível da saúde pública uma vez que atrasámos a evolução da doença e criamos condições no SNS, testando o nosso povo do Rovuma ao Maputo”, assinalou.

Depois, um outro elogio, “a todos os profissionais de saúde e ao seu notável contributo nesta batalha colectiva, bem como aos membros da comissão técnico-científica”, não deixando de assumir-se “orgulhoso” do que se conseguiu e lançando um apelo: “Todos juntos, cidadãos e Governo, todos temos de ser soldados nesta guerra contra o vírus”, realçou.

 Apesar da vontade expressa em retomar a tal nova normalidade de que tanto se tem falado, o Presidente apelou, por diversas vezes, à responsabilidade individual e colectiva de todos os cidadãos. “Chegado ao m deste período devemos consolidar os ganhos alcançados nos últimos quatro meses. Não basta respeitar as medidas emanadas pelas autoridades, mas que esse respeito venha de dentro de nós. Usar a máscara para respeitar quem nos rodeia, não apenas porque a polícia está por perto. Por consciência. Com o distanciamento social. a mesma coisa, tem de vir de dentro. Tudo isto revela o nosso civismo e amor pela vida. O Governo fará o seu papel”, prometeu.

Quanto aos próximos meses, o que se vai suceder “será ditado” pela evolução da epidemia em Moçambique, revelando estar em discussão a “retoma faseada e com critérios dirigidos a cada sector por forma a consolidar os passos já dados”

Quanto aos próximos meses, o que se vai suceder “será ditado” pela evolução da epidemia em Moçambique, revelando estar em discussão a “retoma faseada e com critérios dirigidos a cada sector por forma a consolidar os passos já dados”, dotando a economia e a sociedade de uma abertura gradual. No entanto, vincou, “esses passos precisam de ser continuamente avaliados”, disse. “Não existem outros caminhos ou atalhos, seguiremos com prudência enquanto não estiverem disponíveis os medicamentos para o covid-19”.

 “Tudo o que conquistámos não tem preço, foram vidas que foram salvas”. E anunciou para os próximos dias uma declaração sobre o que se vai seguir a este Estado de Emergência.” Até lá, confirmou, “as medidas em vigor, manter-se-ão”.

 O Presidente falou ainda de um “caminho longo” que não pode ceder “ao cansaço”, e apelou a uma inspiração colectiva no hino nacional, “unindo milhões de braços numa só força que vencera a pandemia”.

Diario Económico

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