Para os moçambicanos, a braços com instabilidade política por causa do conflito entre o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO, e o Governo, e no meio de uma crise económica desencadeada pela queda do valor de matérias primas no mercado mundial, a depreciação do metical é mais um fator que vem dificultar muito a vida ao cidadão comum.
A razão principal para a desvalorização galopante da moeda moçambicana é a incerteza dos mercados financeiros sobre a capacidade do país de amortizar a dívida pública.
A falta de confiança dos credores resulta em grande parte de erros evitáveis, como a ocultação de dívida pública aos países doadores.
Charlotte King, economista do centro de pesquisa britânico Economist Intellgence Unit (EIU), lembra, no entanto, que o problema tem raízes mais profundas.
A especialista lembra ainda a seca que obrigou à importação de alimentos pagos com dólares: “Portanto trata-se de uma mistura de factores do mercado e problemas estruturais da economia”.
Por motivos que se prendem, entre outros, com o défice da balança comercial e a queda da receita das exportações, o banco já não tem o dinheiro de que precisa para defender o metical, como costumava fazer no passado, explica Charlotte King.
E tem que assistir de braços cruzados ao crescimento da dívida pública paga em dólares cada vez mais caros.
O primeiro passo para esse fim seria restabelecer as relações de confiança com os doadores, o que seria um sinal positivo também para os mercados e investidores. Mas, diz a analista, a relutância de Maputo em investigar a dívida pública oculta impede que volta a entrar no país a assistência financeira necessária para que o metical recupere.
Fonte: DW