As reservas feitas pelos bancos moçambicanos recuaram em maio, pelo segundo mês consecutivo, para 251.192 milhões de meticais (3.628 milhões de euros), segundo dados do banco central a que a Lusa teve hoje acesso.
D
e acordo com um relatório estatístico do Banco de Moçambique, o volume destas reservas compara com o recorde de 255.158 milhões de meticais (3.698 milhões de euros) em março, que caiu em abril para 254.290 milhões de meticais (3.673 milhões de euros), seguindo-se em maio nova queda.
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023, mas nos primeiros seis meses de 2023, o banco central aumentou por duas vezes, com o argumento de ser necessário para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho do ano passado, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Em 12 meses, até ao final de abril deste ano, o volume destas reservas obrigatórias feitas pelos bancos moçambicanos cresceu 53,3%, aumento que sobe para 306% desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (900 milhões de euros).
Após o segundo aumento destes coeficientes, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) considerou, no ano passado, que a decisão tornava ainda mais caro contrair financiamento bancário, essencial numa economia de pequenas e médias empresas, que vão ter mais dificuldades.
Também economistas moçambicanos ouvidos na altura pela Lusa consideraram “nociva” para as empresas a decisão do banco central de aumentar os coeficientes de reservas obrigatórias, assinalando que a medida “não vai resolver” a espiral de inflação, porque esta “variável” é condicionada por “problemas estruturais”.
“Significa que [as empresas] vão pagar as suas dívidas com um custo muito maior” e esta medida “pode pôr em causa a rentabilidade e a continuidade das operações de muitas empresas, é a parte nociva que acompanha estas medidas de caráter restritivo”, disse em junho passado Egas Daniel, economista e coordenador do programa em Moçambique do International Growth Center (IGC) da London School of Economics.
Já o economista Elcídio Bachita considerou arriscada a decisão de subir os coeficientes de reservas obrigatórias impostas aos bancos comerciais: “Eu diria que não é exatamente uma medida prudente”.
“Naturalmente que isto vai ter as suas repercussões”, acrescentou, alegando que “os bancos comerciais vão ficar com menos recursos financeiros para financiar a economia”. (LUSA COM NM)