Considerado um dos maiores defensores de todos os tempos, ele ficará na história como o último a erguer a taça Jules Rimet. Personalidade e liderança renderam-lhe o apelido de “Capita” e o respeito dos grandes craques.
Carlos Alberto Torres, o capitão dos capitães, eternizado com a célebre imagem levantando a taça do tricampeonato mundial da Seleção em 1970, morreu vítima de um infarto fulminante nesta terça-feira (25/10), aos 72 anos. O ex-jogador trabalhava como comentarista no canal Sportv, onde realizou sua última participação no domingo.
Considerado um dos maiores laterais-direitos do futebol mundial, Carlos Alberto chegou a ser escolhido por cronistas esportivos de todo o mundo para a seleção de jogadores sul-americanos de todos os tempos na posição de zagueiro. A dupla homenagem é resultado da qualidade e da classe que ele desfilava pelos gramados em ambas as posições.
Carlos Alberto começou a carreira como lateral-direito nas categorias de base do Fluminense, seu clube do coração. Já no profissional, conquistou o Campeonato Carioca de 1964. No ano seguinte iniciou sua fase mais vitoriosa no futebol, quando atuou por quase oito anos no Santos.
Com a equipe da Vila Belmiro, Carlos Alberto foi bicampeão brasileiro (1965 e 1968), campeão da Recopa sul-americana (1968), pentacampeão paulista e campeão do Torneio Rio-São Paulo (1966). Sua parceira ao lado de craques como Pelé, Clodoaldo, Edu, Pepe e Coutinho foi interrompida por um rápido empréstimo ao Botafogo, em 1971.
Nesse meio tempo, Carlos Alberto também defendeu também as cores da Seleção. Na Copa do Mundo de 1966, famosa pela falta de organização e planejamento, Carlos Alberto fez parte dos 47 atletas chamados pelo treinador Vicente Feola para a fase de treinamentos, mas não esteve entre os 22 convocados.
Desprestigiado em 1966, ele se tornou peça fundamental na conquista do tricampeonato mundial no México, quatro anos depois. Carlos Alberto comandou uma Seleção recheada de craques e egos, mas não havia jogador que não desse ouvidos ao “Capita”, apelido que recebera por sua personalidade marcante e qualidades de liderança em campo, previamente demonstradas no Santos de Pelé.
É bem verdade que sua passagem pela Seleção praticamente se limita à Copa do Mundo de 1970, principalmente pelo gol marcado na final contra a Itália – escolhido numa votação britânica como o 36º maior momento esportivo de todos os tempos – e pela célebre imagem levantando a taça Jules Rimet na Cidade do México.
Carlos Alberto simboliza o desfecho daquela Copa do Mundo e o fim de uma era dos mundiais de futebol. Ele foi o último jogador a levantar a Jules Rimet, conquistada em definitivo pelo Brasil justamente com ele marcando o último gol da decisão, vencida por 4 a 1 diante da Itália.
Depois de sua passagem vitoriosa pelo Santos, Carlos Alberto voltou ao Fluminense, em 1974, onde fez parte da chamada Máquina, que contava com Rivelino, entre outros. Nesses
três anos, o “Capita” conquistou dois Campeonatos Cariocas (1975 e 1976).
Já como zagueiro, Carlos Alberto foi para o Flamengo, em 1977, para atuar ao lado de Zico e acompanhar o nascimento do que seria o maior time da história rubro-negra. E justamente seis anos depois, em sua primeira estação como treinador, ele reencontrou todos aqueles craques (Zico, Junior, Leandro, Adílio, entre outros) e alcançou a conquista do Campeonato Brasileiro de 1983.
Entre sua rápida passagem como jogador pelo Flamengo e seu retorno como treinador, Carlos Alberto reencontrou Pelé no New York Cosmos, onde atuou também ao lado da lenda alemã Franz Beckenbauer. Ele teve também uma breve passagem pelo California Surf.
Como treinador, Carlos Alberto não teve o mesmo sucesso. Além do Brasileirão de 1983, ele conduziu o Fluminense ao título carioca de 1984 e o Botafogo ao seu único título internacional, a Copa Conmebol de 1993. Entre as dezenas de estações, o “Capita” se aventurou como treinador das seleções do Omã (2000-2001) e do Azerbaijão (2004-2005). Sua última equipe foi o Paysandu, em 2005.
Com o anúncio de sua morte, Carlos Alberto recebeu homenagens dos vários clubes que defendeu e até mesmo da Fifa, que afirmou que ele “nunca será esquecido”. Já o New York Cosmos publicou estar “extremamente triste pela perda de Carlos Alberto, um jogador lendário, uma pessoa maravilhosa e que sempre será parte da família Cosmos”.
Santos e Botafogo decretaram três dias de luto oficial.