O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, considerou ontem que as eleições demonstraram que o país tem uma democracia “robusta”, afirmando que os sul-africanos votaram por um “país melhor” nas eleições mais contestadas desde o fim do ‘apartheid’.O
chefe de Estado sul-africano, que falava após a Comissão Eleitoral Independente (IEC) anunciar os resultados das eleições nacionais e provinciais de 2024, em Joanesburgo, afirmou que os eleitores “demonstraram através do voto que a democracia [do país] é forte e robusta, que após 30 anos continua durável”.
“Os sul-africanos demonstraram que pretendem fazer deste país um lugar melhor”, salientou o líder sul-africano.
Ramaphosa, que é também presidente do partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), que perdeu a maioria absoluta e 71 mandatos nesta votação para o Parlamento, adiantou que “o povo falou, quer se goste ou não”.
“Como líderes, devemos todos, brancos e negros, homens, jovens e mulheres, respeitar a vontade do povo”, declarou.
O Presidente da República sul-africano referiu também que “o resultado destas eleições significa que os eleitores que votaram esperam que todas as organizações políticas encontrem terreno comum para resolver as suas diferenças e trabalhar em prol do bem de todos”.
“O que o nosso povo espera é que todos os partidos trabalhem no âmbito da constituição, de forma pacífica, em respeito pela ordem”, sublinhou Ramaphosa.
No poder desde que Nelson Mandela venceu, em 1994, as primeiras eleições multirraciais, o ANC obteve 40,19% dos votos escrutinados até hoje.
Apesar de ser o mais votado, de acordo com os resultados anunciados, o ANC perdeu a maioria absoluta no Parlamento e terá de forjar alianças para formar um Governo de coligação para os próximos cincos anos.
“Ao chegar aqui, em vez de dizerem ‘distinto’ senhor Presidente, disseram ‘extinto’, mas eu não estou extinto”, atirou Ramaphosa à audiência.
“[Os comissários] também mencionaram o amor, muitos de nós também realmente desejariam receber amor”, frisou Ramaphosa sem mencionar o seu antigo rival na liderança do ANC, o ex-Presidente Jacob Zuma, cujo partido obteve de uma assentada 58 assentos na Assembleia Nacional como terceira força política mais votada, e exigiu a sua demissão do cargo como uma das condições para formar um Governo de coligação com o atual partido no poder.
Na ótica de Ramaphosa, os resultados eleitorais “representam de muitas maneiras uma vitória para a democracia, ordem constitucional e todo o povo da África do Sul”.
“As eleições foram justas, credíveis e pacíficas”, afirmou o presidente sul-africano, concluindo que “é altura de trabalhar, que Deus abençoe o país e proteja o seu povo”.
A declaração dos resultados das eleições gerais de 2024, nas quais nenhum partido político emergiu como vencedor absoluto ocorreu dentro do prazo de sete dias estipulado por lei, e após 579 objeções de alguns partidos políticos, alegando “irregularidades” no processo de registo de resultados por parte da Comissão Eleitoral.
Todavia, na sua intervenção, o presidente da Comissão Eleitoral sul-africana, Mosotho Moepya, afirmou que “as objeções não tiveram impacto significativo no resultado geral” do escrutínio.
Os sul-africanos votaram na quarta-feira, 29 de maio, nas sétimas eleições nacionais e provinciais democráticas que se realizaram desde o fim do apartheid.
O dia 29 de maio foi precedido por dias especiais de votação em 27 e 28 de maio de 2024.
As eleições nacionais e provinciais de 2024 implementaram a Lei de Emenda Eleitoral, que se tornou lei em junho de 2023, possibilitando a participação nas eleições nacionais e provinciais de candidatos independente.