A governadora, na segunda-feira, visitou o Hospital Central da Beira, na sequência de denúncias segundo as quais parte do equipamento cirúrgico e pessoal médico do estabelecimento

Visita surpresa da Governadora de Sofala culmina com encerramento de uma Clínica

Gestores têm cinco dias para provar aspectos ligados ao seu funcionamento.

A inspecção provincial da Saúde   de Sofala ordenou anteontem, na Beira, o encerramento temporário da clínica privada denominada Policlínica, sito na rua do Condestável, nesta urbe, após suspeitas de exercício de actividades susceptíveis de prejudicar, em equipamento cirúrgico e pessoal médico, o funcionamento do Hospital Central (HCB) e seus utentes.

Outros aspectos por detrás da medida anunciada ontem pelo inspector-chefe da Saúde, Lisboa Ricardo, prendem-se com a biossegurança (higiene e limpeza), considerada indispensável para o funcionamento de uma unidade sanitária, quer seja pública quer seja privada.

Ricardo explicou que “a Inspecção da Saúde decidiu encerrar temporariamente a clínica e orientou os gestores do estabelecimento sanitário para, no prazo de cinco dias, fornecerem dados precisos e necessários para o esclarecimento” aos questões levantadas em torno do estabelecimento, que levaram a que a governadora de Sofala, Maria Helena Taipo, se reunisse anteontem com a direcção do HCB.

A governadora, na segunda-feira, visitou o Hospital Central da Beira, na sequência de denúncias segundo as quais parte do equipamento cirúrgico e pessoal médico do estabelecimento estão a ser usados de forma irregular na Policlíncia.

Maria Helena Taipo referiu-se a denúncias dando conta de doentes aconselhados a optar pela referida clínica porque, alegadamente, os serviços pretendidos não estão disponíveis no HCB, devido à falta de meios cirúrgicos.

A Policlínica deverá apresentar comprovativos da aquisição do equipamento que usa na assistência aos documentos, problema levantado por se suspeitar que se trata de meios retirados do Hospital Central, que não teve esclarecimento no dia em que a governadora de Sofala visitou a referida clínica.

Após o anúncio de encerramento daquela unidade sanitária particular, feita em conferência de imprensa pelo inspector-chefe da Saúde de Sofala, Lisboa Ricardo, na sala de imprensa do Governo de Sofala, o delegado provincial da Ordem dos Médicos, Dário Alberto Fernandes, também falou a jornalistas, tendo mostrado a sua preocupação com as questões levantadas na passada segunda-feira.

Dário Fernandes disse que a sua agremiação também deseja ver esclarecidas as constatações, sobretudo as que têm a ver com os médicos que, na hora do expediente na função pública, são apontados como tendo feito trabalho na clínica privada.

Também é do interesse da Ordem apurar a veracidade sobre o desvio de recursos do Estado para benefício próprio. “Temos conhecimento da criação da Policlínica para ajudar os nossos concidadãos. Por aquilo que é do nosso conhecimento, trabalham nesta unidade sanitária, colegas médicos que, por norma, devem fazer o seu trabalho fora da hora do expediente, a não ser que sejam reformados, que podem dedicar-se ao exercício a tempo inteiro” – referiu.

Esclareceu que um médico pode fazer actividades de rendimento pessoal. Contudo, fica chocado ao ouvir que ocorre desvio de recursos do HCB para servir a Policlínica.

Afirmou que compete à Ordem dos Médicos regular a actividade dos seus filiados. Se forem provadas as infracções, serão tomadas medidas disciplinares que pode estender-se até à suspensão da carteira médica, dependendo da gravidade da situação.

Entretanto, uma questão sobre se a Inspecção confirma ou não o desvio de material cirúrgico do HCB para a clínica privada, Lisboa Ricardo respondeu:
Já solicitamos para, dentro de cinco dias, os gestores apresentarem a documentação da aquisição do material, de forma a apurarmos a veracidade dos factos. Depois vamo-nos pronunciar sobre o assunto. Para já decidimos apenas o encerramento da clínica”.

Tanto a Inspecção da Saúde como a Ordem dos Médicos em Sofala apelam à denúncia de casos de mau atendimento nos hospitais públicos como privado e a tendência de desvio dos bens do Estado, visando a melhoria de qualidade de prestação de serviço público na província.

Em Sofala, há dois anos, o Hospital Central da Beira (HCB) chegou confirmar o desvio de setenta por cento do equipamento médico doado em Fevereiro de 2015 pela Rotary Club da Austrália e a sua posterior alocação a uma clínica privada.

Do material desviado, segundo informação prestada na altura à governadora Maria Helena Taipo, incluía  equipamento do bloco operatório, avaliado entre 400 e 500 mil dólares americanos.

Este é mais um caso de equipamento hospitalar que está a ser averiguado, envolvendo o Hospital Central da Beira e um estabelecimento sanitário privado.

DM

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