O discurso incendiário e ameaçador de Dhlakama sempre assustou o eleitorado, o rural por exemplo optava por nele votar para evitar o regresso ao caos e à guerra.

Autárquicas: estará a Renamo preparada para perder?

O discurso incendiário e ameaçador de Dhlakama sempre assustou o eleitorado, o rural por exemplo optava por nele votar para evitar o regresso ao caos e à guerra.

Tete, região onde a Frelimo é forte não se manifestava assim nas urnas, mercê das ameaças de Dhlakama. Hoje o cenário é outro. Dlhakama já não existe e a organização que sempre viveu à sua sombra tal como o eleitorado, estão livres. Mesmo que Dlhakama fosse substituído por alguém de igual carisma, disporia de pouco tempo para se armar isto por um lado e por outro, o MDM atravessa uma grave crise de identidade.

 Silenciosa,  a FRELIMO assiste este cenário que lhe deixa margem confortável para arrumar a casa e usar da argúcia. Mesmo assim ainda existe a incógnita da reacção da Renamo face aos resultados: será pacífica? Será violenta? Em que medida? Pode ser dado adquirido um recuo significativo no espaço da Renamo, como consequência da morte do seu líder bem como o recuo ou suspensão das alianças que a Renamo engendrava para alguns centros urbanos: endossar Venâncio Mondlane para Maputo, fora do MDM entre outros trunfos que morreram com o líder.

 Fica claro que a Renamo vai perder consideravelmente nestas eleições, até em zonas que achava ser do seu domínio e controle porque, sem o suporte da gura que efectivamente exercia esse controle: Dhlakama.

Ora isto vai colocar em cheque algumas alianças como é o caso do Venâncio Mondlane. Como gerir este quadro com os problemas que nos mostra ter no contexto pós-eleitoral e derrotado? O que a Renamo pensa é que vai ganhar sem ter em conta a força da Frelimo e os factos acima arrolados.

E é preciso não esquecer que hoje Venâncio enfrenta: uma juventude que o considera politicamente imaturo, quadros do MDM zangados com ele pela espalhafatosa e ruidosa saída, quadros da Renamo que não devem estar a perceber porquê o recurso a estes para-quedistas políticos quando existem quadros internos fortes como por exemplo é o caso do Namburete.

A ver vamos.

Justino Cossa

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