Os ventos trazem mudança em Moçambique. A morte do líder da Renamo, Afonso Dhlakama parece ter unido o partido, que deposita agora todas as esperanças no seu líder interino

Moçambique. Início de uma nova era sem Afonso Dhlakama

Os ventos trazem mudança em Moçambique. A morte do líder da Renamo, Afonso Dhlakama parece ter unido o partido, que deposita agora todas as esperanças no seu líder interino, o general Ossufo Momade

fonso Dhlakama já não se encontra, fisicamente, entre nós.” A frase é do Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e foi proferida como uma sentença condenatória contra os incrédulos durante as cerimónias fúnebres realizadas na cidade da Beira, no centro do país. Se mesmo com este anúncio do chefe de Estado moçambicano ainda havia quem continuasse sem acreditar, as dúvidas foram definitivamente dissipadas quando finalmente foram depositados na sua última morada os restos mortais de Afonso Dhlakama, na sua terra natal, em Mangunde, distrito de Chibabava, província de Sofala.

Contrariamente ao que se vaticinava sobre a possibilidade de cisão da Renamo, alguns membros deste partido, sejam da ala militar como da ala civil, afirmam que a morte do seu líder parece tê-los unido. “Quando se anunciou a morte do Presidente, pensei que era o fim da Renamo, mas hoje, após o enterro, tenho outra forma de pensar. Estamos mais unidos. A sua morte obriga-nos a estarmos mais unidos”, disse um moçambicano que preferiu não ser citado. Esta perceção é comungada até pela ala militar da Renamo: “São momentos como estes que nos devem tornar ainda mais bravos, fortes, cada vez mais coesos”.

O apelo à união surge de todos os cantos, veiculado pelos meios de comunicação tradicionais e pelas redes sociais. O espetro da possível cisão parece não preocupar o partido. O foco da Renamo é agora dar continuidade aos projetos deixados pelo seu líder, entre os quais a conquista da paz através da negociação dos pacotes de descentralização. Aliás, este foi também o apelo feito pelo Presidente da República, como forma de “assumir o espírito e a obra do seu líder e se honrar a sua memória, em palavras e atos”. “Honraremos a sua memória, se soubermos concluir, de forma responsável e célere, o diálogo político que agora se centra sobretudo no processo de descentralização, no desarmamento, desmobilização e reintegração”, afirmou Filipe Nyusi.

É por isso que dois dias após a morte do seu líder, a comissão política da Renamo se reuniu para eleger Ossufo Momade como o seu coordenador interino. Fontes internas da Renamo referem que Ossufo Momade será confirmado presidente no congresso, uma vez que “reúne consenso dentro da Renamo”. Momade era a segunda figura mais importante na hierarquia militar da Renamo, depois de Afonso Dhlakama.

De acordo com as mesmas fontes, o general Ossufo Momade foi durante a guerra a terceira figura mais importante nessa hierarquia, logo depois de Afonso Dhlakama e Mateus Ngonhamo. Este último, após o fim da guerra civil, foi indicado para ocupar o cargo de Chefe Adjunto do Estado-Maior General das Forças Armadas e de Defesa de Moçambique unificadas. Atualmente, está na reserva. Com Ngonhamo nas Forças Armadas, Momade tornou-se na segunda figura militar da Renamo.

Expresso

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