O país continua pendurado: Dialogo político Improdutivo

Ainda não há Consenso entre o Governo e a Renamo nos quatro pontos colocados na mesa das negociações para o restabelecimento da paz em Moçambique. Já passam mais de 20 rondas e nada de plausível foi acordado pela Comissão Mista, mesmo com a presença de mediadores estrangeiros. De impasse em impasse, as partes vão se reunindo e os dias passam, numa altura em que a guerra se vai agudizando cada vez mais no Centro e Norte do país. Até aqui, todos os quatro pontos foram abordados pela Comissão Mista, mas nenhum foi concluído, para a decepção do povo que serenamente aguarda pelo fim da guerra que está a exterminar vidas humanas e a provocar muitas perdas materiais, O luto e a dor caracterizam o dia-a-dia dos moçambicanos. O país está na incerteza.

Na última semana, a Comissão Mista reuniu-se três vezes por longas horas e à saída os semblantes dos integrantes das duas delegações e dos mediadores não eram os melhores, deixando transparecer falta de consenso entre as partes.
Mário Raffaelli, coordenador dos mediadores estrangeiros na Comissão Mista, aponta falta de confiança entre as partes como a principal causa dos sucessivos impasses no diálogo. Na quinta-feira da semana passada, a Comissão Mista discutiu o terceiro ponto da agenda, mais precisamente o enquadramento dos homens armados da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na Polícia da República de Moçambique (PRM), no qual as delegações saíram sem motivos para alegria.

Ainda na mesma semana, o partido liderado por Afonso Dhlakama apresentou à Comissão Mista a sua proposta de revisão da Constituição da República para permitir a descentralização do país, a qual será debatida juntamente com as outras que dão entrada naquele fórum. Aliás, na mesma senda, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) apresentou igualmente a sua proposta de descentralização da administração do

país, que inclui a proposta de eleição de governadores provinciais e a redução dos poderes do Presidente da República. Palestras sobre a descentralização foram proferidas, e, segundo Mário Rafaelli, as mesmas visam dotar as duas partes de instrumentos teóricos para discutir com propriedade o sensível tema da descentralização política e administrativa no país.


O ponto sobre a cessação das hostilidades militares, desde que as duas partes apresentaram condicionalismos que à partida digeriram, ainda não foi retomado pela Comissão Mista, mesmo sendo o ponto prioritário. Sobre este ponto, Raifaelli afirmou recentemente que o importante é alcançar consensos sobre a descentralização e governação das seis províncias, bem como o desarmamento dos guerrilheiros da Renamo, sendo que a cessação dos ataques será consequente a estes entendimentos. O estranho é que, apesar do diálogo que decorre entre as partes com vista ao restabelecimento da paz, os últimos discursos do Governo são de intensificação dos ataques e de intolerância, revelando uma clara falta de vontade em parar com a guerra.

Aliás, há dias, o próprio Presidente da República, Filipe Nyusi, respondendo ao pedido de trégua e a retirada das 23 posições à volta da serra da Gorongosa, apresentado pelo líder da Renamo, exibiu mão dura, recusando-se literalmente ao pedido. A Renamo exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, como condição para o fim da crise política e militar que já vitimou várias pessoas. Nos últimos dias, os confrontos militares têmestado a intensificar-se no Centro do país, com acusações mútuas da sua autoria. O Governo acusa a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e Norte do país, atingindo postos policiais e também instalações do governo como centros de saúde, alvos económicos, comboios da empresa mineira brasileira vale, entre outros.


Via: Jornal Savana

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